Há algumas semanas escrevi “O juiz de bom coração (17.09.17). Na semana seguinte, em 24.09.17, foi a vez de “O juiz de bom coração II”. No primeiro artigo falei sobre o encontro amistoso com um magistrado, amigo desde os tempos de graduação. E mencionei a crise de soberba da mãe de um garoto que ele havia contratado para lavar o carro.
No segundo artigo eu comentei as mensagens recebidas, poucas com críticas e muitas elogiosas. Alguns leitores, diante da informação de que o garoto havia se tornado um estelionatário, assim resumiram as cargas ideológicas: “Ele se desviou da retidão porque não teve oportunidade na vida”.
Esclareci que, em duas décadas de magistério, ajudei estudantes, cujos familiares negaram oportunidades, embora tivessem como propiciá-las. Conheci concurseiros que construíram suas próprias oportunidades.
Agora, por dever do ofício de advogado, estive novamente com aquele bom juiz. Ele comentou os dois artigos e sugeriu o tema do que agora escrevo. Trata-se de um adjetivo que nos era atribuído nos tempos de faculdade: “sortudo”.
–Passávamos o final de semana estudando – disse o juiz. Alcançávamos boas notas... e sempre tinha algum colega de menos brilho para dizer que éramos sortudos.
– O Senhor disse muito bem: eram colegas de menos brilho. Às vezes, até apareciam discursos em tons acusatórios: “Eles estudam muito só pra aparecer”. Mas, na verdade, estudávamos muito porque gostávamos de estudar.
– E ainda gostamos.
– E ainda gostamos! – repeti enfaticamente.
Ah... leitor ou leitora. Com é difícil para algumas pessoas reconhecer as virtudes e méritos alheios. O adjetivo “sortudo” esconde tantos sentimentos inconfessáveis...
Então, se você luta para transformar seus sonhos em realidade... cuidado! Podem te “acusar” de ser sortudo. Mas, como eu disse à Sua Excelência, não ligue pra isso.
Siga firme no seu bom caminho. E eu desejo que você seja o próximo sortudo que virou juiz (ou sortuda que virou juíza). Então, vá à luta e bons estudos.