Pedagogia do advogado

22/04/2017 às 20:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:15

Nas primeiras horas do mês de julho dei início a uma aventura com minha esposa e meus filhos. Embarcamos para Buenos Aires de madrugada e, na manhã de 1º de julho, tomamos o ônibus para a cidade de Tandil, quase 400 Km ao Sul da Capital argentina.

Chegando àquele destino nem lembramos que era hora do almoço. Também, aquele frio intenso era capaz de nos fazer esquecer muitas coisas. “Ah! Revisão! Revisão, José Roberto! Não podemos nos esquecer das revisões” – exclamou minha esposa.

De fato, a missão recomendava revisões: apresentar nossas teses de mestrado na “Universidad Nacional del Centro de la Província de Buenos Aires”. Meu tema foi sobre as técnicas desenvolvidas pelos advogados que lecionam disciplinas jurídicas. O título é uma paráfrase à “Pedagogia do oprimido” de Paulo Freire. Refletindo sobre a obra dele, e de autores como Jean Piaget, Jürgen Habermas, Philippe Perrenoud e Michel Foucault, escrevi a “pedagogia do advogado”. Trata-se de um guia para os advogados que queiram iniciar a empolgante carreira de professor.

As faculdades enfatizam as atividades profissionais, pouco importando a preparação para o magistério. Daí resulta que muitos advogados são descritos pelos alunos com a famosa frase: “Ele sabe muito, mas não sabe ensinar”. Isto não é um privilégio dos cursos de Direito. As graduações em geral são pensadas para qualquer atividade profissional, exceto a de professor.

Então, minha tese, que espero publicar em formato de livro, não é apenas a “pedagogia do advogado”. Também pode ser a pedagogia do médico, a pedagogia do engenheiro, a pedagogia do comerciante, do industrial, do operário, enfim, de qualquer formação, profissão ou atividade, cujos conhecimentos e habilidades se queira ensinar a alguém.

Meu primeiro livro, que deu origem a este honroso espaço no Hoje em dia, é focado nas expectativas dos alunos e nos mecanismos mentais de aprendizagem. Agora, com esta segunda obra, o foco é no professor e nos mecanismos mentais de ensino. Em ambos os casos, os pontos comuns entre aprender e ensinar referem-se aos atributos da emoção. Sem ela não se pode despertar no aluno o interesse em aprender.

Um aviso a quem quer ser professor: esqueça a pretensão de enriquecimento com o magistério. Na maioria dos países, dar aula é mais um sacerdócio que uma fonte de renda. Mas a alegria de ensinar e brilho nos olhos dos alunos quando aprendem uma lição é algo que não tem preço.

Seja qual for sua formação, profissão ou atividade, caso queira transmitir seus conhecimentos e ouvir o comentário entusiasmado de que você “sabe e sabe ensinar”, conte com o guia deste autor que se dedica ao magistério jurídico há duas décadas; e que, ao escrever sua “pedagogia do advogado”, enriqueceu a prática com os fundamentos teóricos da Ciência da Educação.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por