Uma das coisas mais importantes para você ser bem-sucedido num concurso, sobretudo quando há prova de redação, é refletir sobre o contexto das atualidades. Isso também se aplica ao Enem. Afinal, nenhum candidato estará adequadamente preparado se ignorar temas como a pandemia, aumento da violência contra a mulher, campanha antecipada das eleições, etc.
Temas históricos também devem ser adequadamente compreendidos. Belo Horizonte, que completa 124 anos no próximo dia 8, é um bom exemplo disso. Então, vejamos o que estava por traz da decisão de se construir a nova Capital de Minas.
Naqueles primeiros anos da República, havia um esforço das autoridades para se recontar a história da Inconfidência Mineira. Porque, durante a Monarquia, aquele evento era estudado com o sentido literal da palavra “inconfidência” (entre outras definições, o Dicionário Priberam apresenta esta: “deslealdade ou infidelidade par com um Estado, um governante ou um soberano”).
A partir de 1870, com a fundação do Partido Republicano, passou-se a divulgar o movimento rebelde de Vila Rica como o grande ideal de liberdade. “Viralizou-se” entre os intelectuais esta frase de Tiradentes: “Se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação”.
O nome “Inconfidência” permaneceu nos novos estudos históricos, apesar do sentido literal. Porque o termo soa bem parecido com “em confidência”, ou seja, o ato de estar entre pessoas que se confiam mutuamente, que são confidentes entre si.
Foi nesse contexto que as autoridades da recente República decidiram preservar Ouro Preto e construir a nova Capital. Afinal, cada escultura de Aleijadinho, cada pedaço de telha, cada documento, transforma-se numa fonte extraordinária de consulta para a tarefa de se recontar a história.
Não é por acaso que, na mesma ocasião em que a nova Capital era construída, o então “Presidente do Estado de Minas”, Chrispim Jacques Bias Fortes, aprovou a lei 126, de 11 de julho de 1895. Tratava-se da criação do Arquivo Público Mineiro, instituição que guarda as mais valiosas fontes sobre os Inconfidentes (em confidentes).
Nesse mesmo sentido, e como forma de fazer o povo apoiar a construção da nova Capital, passaram a divulgar a ideia de que Ouro Preto era “um símbolo do atraso” (ligado à velha Monarquia). Então, “a construção de Belo Horizonte também representou o ideal republicano de modernização” (veja essas duas citações em https://turismoagora.com.br/content/noticias/detalhe.php?not=15057 – acesso em 29.12.21).
Desejo que essa reflexão, além de parabenizar nossa cidade, seja útil para motivar os concurseiros e estudantes em geral, de modo especial os meus alunos.