Qual é o contrário da igualdade?

30/06/2020 às 19:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:54

“Igualdade é tratar desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam”. Essa frase de Ruy Barbosa, na sua “Oração aos Moços”, foi dita em 1920 na qualidade de padrinho dos formandos em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco. 

Há quem veja um espírito elevado neste ensinamento. E há quem interprete como um discurso de dominação ideológica, para que os oprimidos aceitem a condição de inferioridade social.

Seja como for, considerando a idade, o gênero... e até os sentimentos e desejos individuais, nós somos diferentes. A igualdade de que trata o Direito é perante a lei; não é perante as pessoas entre si, que são diferentes.

Tratar com igualdade é dar oportunidades iguais. Isso só é possível se respeitarmos as diferenças. Eis um exemplo do esporte, bem óbvio e - por isso mesmo - de valor didático: durante uma corrida de 400m, em que os atletas se posicionam nas raias da pista, quem dá a largada na parte externa o faz à frente dos demais competidores. E podemos calcular as medidas diferentes de cada raia.

A dificuldade refere-se aos fenômenos sociais. De fato, qual é a diferença de força física entre um marido e sua esposa? E se o mais franzino dos homens se casar com a Cláudia Raia? Quais são as diferenças nas emoções de um jovem empolgado com a geração de Neymar e um idoso que não esquece o tricampeonato de 1970, com Pelé e Cia?

Mesmo assim, quando entendemos o que é igualdade, aprendemos a conviver com as diferenças. Porque o contrário de igualdade não é a diferença; é a desigualdade, que consiste em algumas pessoas se sentirem “mais iguais” que outras.

É o caso de alguém de uma etnia que se acha desigual e melhor que os indivíduos de outras etnias. É o caso de um letrado que se acha desigual e mais sábio que alguém de poucos estudos (ah, quantos idiotas encontrei nas escolas! Ah, quantos sábios encontrei fora delas!). 
Os arrogantes (e os que não toleram as diferenças) tendem a reivindicar a desigualdade, achando-se melhores que os demais. Mas, nos concursos, a disputa iguala a todos. 

Então, siga estudando e, em vez de reivindicar a desigualdade, defenda a igualdade de oportunidades para todos, sejam quais forem as diferenças de cada um.
Desejo a todos bons estudos.

  

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