Reivindicar a desigualdade?

03/08/2021 às 15:53.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:35

José Roberto Lima *


No livro de Mateus, capítulo 20, encontramos a parábola dos trabalhadores. Em resumo, o dono de uma vinha saiu de madrugada para contratar diaristas. Combinou o pagamento de uma moeda de prata.

Às 9h ele voltou à praça onde ficavam os trabalhadores à espera de contratação. E levou mais diarista para sua vinha. E assim fez ao meio-dia, às 3h e às 5 da tarde, sempre combinando pagar o preço justo.

Ao final da jornada, chamou primeiramente os que trabalharam a partir das 5 da tarde. E lhes pagou uma moeda de prata. E fez o mesmo com os que começaram a trabalhar às 3 da tarde, ao meio-dia, às 9 horas e os que foram contratados de madrugada.

E os que trabalharam mais começaram a resmungar porque se achavam merecedores de um salário maior. Mas lhes foi pago o preço combinado. Portanto, ao se queixarem, estavam reivindicando a desigualdade.

O Evangelho chega a usar a palavra “inveja” para descrever o sentimento desses que trabalharam mais. Porque, no fundo, estavam se queixando da generosidade do dono da vinha. Afinal, tendo ele pago o que prometeu ao primeiro grupo de trabalhadores, não seria justo que se queixassem pela bondade em relação aos demais.

Algo semelhante ocorre cotidianamente, inclusive nos estudos para concursos. As pessoas falam muito de igualdade. Mas, por muito pouco, reivindicam a desigualdade. Acham-se melhores por coisas minúsculas que fazem a mais.

É o caso, por exemplo, de quem estuda feito um condenado, varando noites a fio. Quando sai o resultado, não vê o seu nome na lista de aprovados. Mas lá está o nome do vizinho, que estudou menos.

E surge aquele sentimento semelhante ao dos trabalhadores na vinha, que começaram a labuta de madrugada. Conheço casos em que o inconformismo foi tão grande que levou o fracassado a duas atitudes: a de desistir de estudar e a de tentar atrapalhar a carreira do vizinho vitorioso.

Em que momento essas pessoas entenderão que a qualidade dos estudos é mais importante que quantidade? Aquele vizinho, para ser aprovado, não contou com a generosidade do patrão que lhe pagou o mesmo salário do colega que trabalhou mais. Tampouco contou com a ajuda de terceiros para marcar as opções corretas na prova. A sorte lhe sorriu porque ele estudou pouco, mas o fez com qualidade.

E o que é qualidade nos estudos? Cada um há de procurar a sua resposta para esta pergunta. Eu a respondi no meu livro. Leia-o.

A todos eu desejo bons estudos.

Advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor de Direito da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 15 Concursos”.

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