Época de incertezas

15/01/2021 às 18:12.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:56

Com a  Covid-19, à medida que o tempo passava, de maneira iniludível, com números e outros dados de conceituadas instituições, consolidava-se a previsão de tratar-se da mais longa e letal pandemia jamais enfrentada pela humanidade. E os meios de combatê-la, após praticamente um ano de seu surgimento, só se tornavam conhecidos e confirmados no cotidiano de enfermarias, CTIs, laboratórios e, por que não dizê-lo, dos necrotérios e cemitérios.

Apanho, a guisa de informar-me, noticiário da mídia: em Barbacena, menina de 4 anos morre depois de internada 15 dias, com causa atribuída ao coronavírus; em Ipatinga, moça de 15 anos falece, no Hospital Municipal, quando já madrugada; naquele dia, os casos registrados no país totalizaram 7.504.833; sim, mas de 7 milhões e meio de pessoas.

No Norte de Minas, em Montes Claros, após sete dias em CTI, faleceu o ex-vereador Nelson Pinheiro, aos 88 anos, de Feira da Mata, BA, a 388 km - 77 registros de casos positivos, com pacientes masculinos e femininos, entre 0 a 89 anos, na cidade-polo da região.

A danada não dá folga às equipes médicas de todas as nações, já desfalcadas interminavelmente de componentes. A última esperança residia na vacina, demorando a chegar ao Brasil, enquanto se identificam mutações no vírus em exames no Reino Unido.

Na França, pesquisa publicada pelo “The Lancet Respiratory Medicine” com doentes hospitalizados com a Covid ou gripe, demonstrou-se, no maior estudo realizado para comparar as duas doenças, que a Covid é muito mais letal do que a gripe. A taxa de mortalidade desta é três vezes maior do que a gripe sazonal, sendo a situação a pior dos cinco anos na França, numericamente. 

Os pacientes da Covid exigiam mais tratamento intensivo do que os gripados. A despeito de tudo isso, ainda há aqueles que não se sensibilizam com a gravidade do problema, que é mundial, terrível para todos os povos e risco para todas as pessoas neste princípio de século. Já anotei aqui: o pior cego é aquele que não quer ver. Nos incrédulos, além de cegos, são também surdos.

O jornalista e professor Aylê-Salassié F. Quintão comentou sobre o final do ano pretérito e o que o segue. Para ele, 2021 nada oferece senão incertezas, à semelhança daquelas prognosticadas, no ocaso do século passado, pelo economista John Kenneth Galbraith, ao avaliar o avanço da globalização, o aparecimento de megas corporações, a queda dos regimes comunistas e a difusão ampla de novas tecnologias.

“O cérebro humano não acompanha tantas mudanças, diz o médico psicanalista Montserrat Martins. O homem  não consegue assimilar o fato de que somos uma espécie com milhares de anos de evolução (Noah Harari: Sapiens) , com um sistema nervoso programado para reações de “luta e fuga” que lhe assegura a sobrevivência. As incertezas desnudam no cidadão uma crescente perda de autonomia e confiança. Ele precisa  a aprender a conviver com as incertezas, e não esperar angustiado que o Governo, resolva problemas pessoais.

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