A droga entra em campo

24/04/2018 às 16:33.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:30

O crime se instalou no país poderosamente. Quem ler o mais recente número da revista Veja ficará impressionado com as informações contidas em reportagem assinada por Leonardo Coutinho. Confirmando, aliás, o que repete o governador Pezão: o cenário desolador estabelecido pelas maiores organizações criminosas no Estado do Rio de Janeiro não é exclusividade. O que, aliás, se sente pela sucessão de ataques a bancos e Correios, em todo o território nacional, com ênfase nas pequenas cidades do interior brasileiro.

O Norte do país, principalmente os estados que têm fronteira, vivem tempos inclementes, pois ingressaram na rota do tráfico internacional de drogas: Amazonas, Acre e Rondônia. O Ceará, que não faz divisa com outra nação, não fica atrás no desvio à lei, por ser o lugar preferido para exportar o produto letal para a Europa. Quem vê noticiários de televisão, assiste à sucessão de ataques dos traficantes até em Fortaleza, a capital.

Ali, os bandidos atearam fogo a 70 veículos, enquanto atiraram coquetéis molotov a prédios públicos, inclusive postos policiais. Era o aviso às autoridades de que não aceitariam bloqueadores de sinais de telefones celulares em presídios. Há dois anos, o Primeiro Comando da Capital, agressiva organização que age em todo o país, chegou ao cúmulo de estacionar um carro-bomba em frente à Assembleia Legislativa cearense quando os deputados discutiam projeto que regulamentava a matéria. 

Este é o retrato aproximado do que acontece em todos os nossos estados, e Belo Horizonte, que tem 121 anos, não fica de fora. Em uma semana foram incendiados sete coletivos e, a despeito dos bons propósitos e competência de nossa polícia, a droga circula perigosamente em todas as regiões. Ataques a instalações financeiras e a apreensão de grandes quantidades de drogas se repetem, sem esmorecimento dos desafetos da lei. 

O brasileiro vive em permanente sobressalto, e tem razões de sobra. A própria Organização das Nações Unidas já reconhece o Brasil como o segundo maior mercado mundial de cocaína, tendo à frente apenas os Estados Unidos. Mas em termos de crack, considerada mais agressiva e letal, estamos em primeiro lugar. Somos líderes.

E têm razões os operários do crime e da morte. Avalia-se que o negócio gera faturamento de R$ 34 bilhões ao ano. Se fosse empresa estabelecida legalmente, se situaria entre as maiores companhias brasileiras. 

Não basta prender. Os bandidos agem dentro das prisões e penitenciárias e se gabam do sucesso, inclusive filmando suas atividades e difundindo-as por meio do popular WhatsApp. Esse rico material, abrangendo cenas de selvageria contra as quadrilhas rivais, são divulgadas.

O crime não cessa de ganhar espaço. Neste abril, por exemplo, li notícia: “O jogador do Paranavaí, Maurim Vieira de Souza, ameaçou de morte o bandeirinha do jogo contra o Independente, após marcação de pênalti a favor do adversário, em um jogo de domingo, em Paranavaí, no Paraná”. O jogo foi pela divisão de acesso do campeonato paranaense. 

Na súmula do árbitro João Queiroz consta que o jogador proferiu as seguintes palavras: “seu ladrão, safado, você tem que voltar esse pênalti, eu sou do PCC e vou colocar o revólver na sua boca e você ai sentir o gosto da bala”. Maurim teria continuado as ameaças mesmo depois de expulso: “eu vou pegar lá fora, seu vagabundo, vou te esperar lá”.

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