A vaca e o brejo

10/01/2020 às 21:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:15

Leio o noticiário do dia 6 quando me chegou às mãos. Um buraco de um metro de diâmetro na pista da rodovia 122 está causando danos e perigo a motoristas que trafegam pela região. O texto é suficientemente claro:

O caso foi notificado pela própria Polícia Rodoviária Estadual e, o mais grave, é que a cratera fica tomada pelas águas, impedindo a visibilidade dos motoristas. O mesmo problema foi registrado em 2010, quando a estrada ficou intransitável, com vários buracos. A pista do referido trecho foi construída em 1980 e, portanto, tem 40 anos. Passou apenas por reparos.

O relato partiu das próprias autoridades, o que demonstra a gravidade da situação, pois vítimas, algumas fatais, poderão resultar de um problema histórico, a que não se dá a devida atenção. E não é apenas lá. O sistema rodoviário nacional, como um todo, é extremamente precário, sem despertar o interesse do poder público e, se interessa, não faz a recuperação imprescindível. 

Os rombos do orçamento são divulgados tão plenamente quanto possível, assim como as informações sobre aqueles outros que advêm dos desvios de recursos, de que a operação Lava-Jato oferece somente sintomas. Há muito mais dinheiro para fins e organizações criminosas!

Tudo, sem embargo, não impressiona num país em que o ministro da Educação escreve o verbo “impressionar”, usando “c” em comunicado ao chefe da nação. 

As investigações sobre desencaminhamento de dinheiro dos brasileiros como um todo, não de apenas alguns, são inúmeras e intermináveis. Há pouco, a Greenfield denunciou 29 ex-executivos de fundos de pensões – Petrobras, Funcef e Valia por gestão temerária na aprovação de investimentos e participações. A força-tarefa respectiva pediu a condenação e a reparação de R$ 16 bilhões. Para o MP, entre 2011 e 2016, os responsáveis pelos fundos ignoraram os riscos dos investimentos, as diretrizes do mercado e os próprios regimentos internos, sem realizarem estudos sobre os aportes.

Mais uma vez, a vaca afundou no brejo e os brasileiros foram com ela. 

Há algo pior. O novo chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério da Economia, promovido há pouquíssimos dias, está inserido na lista de denunciados na operação, embora ele já se tenha defendido, explicando que suas atividades se cumpriram como membro do conselho do Funcef e em consonância com a lei. Mesmo assim, terá de provar que sua atuação foi rigorosamente legal. Em administração pública não basta ser honesto. É preciso prová-lo.

Ainda no final de dezembro, o ministro Dias Toffoli, presidente do STF, impediu que o governo de Minas Gerais sofresse um rombo de R$ 78 milhões em suas contas. Restrições teriam sido impostas a MG em razão do descumprimento do mínimo de 12% do orçamento em saúde em 2018, como fixado na Carta Magna.

São fatos e circunstâncias de que o público na maioria das vezes, sequer tem conhecimento.
 

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