Aguardemos próximos capítulos

09/04/2018 às 19:50.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:15

Uma semana que inquietou nações de três continentes. Na Ásia, a ex-presidente da Coreia do Sul Park Gueun-hye foi condenada a 24 anos de prisão por corrupção, encerrando a carreira da primeira mulher eleita chefe de Estado. Julgada e considerada culpada de vários crimes, entre os quais abuso de poder e de relações ilícitas com poderosos grupos empresariais, em março de 2017 foi destituída e presa por tribunal e condenada ao pagamento de multa equivalente a quase 17 milhões de dólares. O Sérgio Moro de lá se chama Kim Se-Yoon, que na sentença baixara o tempo de reclusão de 30 anos da ex-presidente, pedido pelo Ministério Público. 

Na riquíssima África do Sul, após a morte de Winnie Mandela, viúva de Nelson Mandela, a mais alta expressão da luta pela independência e fim do apartheid, o ex-presidente Jacob Zuma foi levado ao Tribunal Superior de Durban, acusado de suborno em aquisição de armamentos a vários fabricantes no exterior, somando em torno de 16 bilhões de dólares, ou seja, cerca de 4,2 bilhões de euros. Sem contar os fabricantes de eletrônicos.

Abandonando a presidência, após extenso confronto com Cyril Ramaphosa, líder do poderoso Congresso Nacional africano, cuja meta principal era a luta contra a corrupção, Zuma protestou, em Zulu, contra “algumas pessoas que querem tratar-me como culpado”. Nas ruas, grupos protestavam: “não mexam com Zuma”. 

No Brasil, houve ex-presidentes presos e exilados. O primeiro, porém, levado à Justiça, inclusive à decisão do Supremo Tribunal Federal, foi Luís Inácio Lula da Silva, eleito por dois mandatos, que cumpriu, mas respondendo a outros processos em tramitação. O tumultuoso caso do apartamento em Guarujá, lhe valeu 12 anos e um mês de prisão após a não concessão do habeas corpus apresentado pela defesa, com o apertado placar de 6 a 5.

Fez-se a transferência para Curitiba, não tão tranquilamente como poderia ter sido, mas como também se admitiria. O que se pode dizer, contudo, é que o ex-presidente escolheu mal o alvo de seus ataques no discurso na porta do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, contra o Judiciário e a imprensa.

Em certo ponto, declarou: “não posso ir contra a opinião pública porque a opinião pública está pedindo para cassar”(?). “Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vai ser candidato. Ora, a toga é um emprego vitalício. O cidadão tem de votar apenas com base nos autos do processo”.

Adiante, argumentou: “quantos mais dias me deixarem lá (na prisão), mais Lulas surgirão neste país. Estou fazendo algo muito consciente’. Sempre ameaças : “a história vai daqui a alguns dias provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou e o Ministério Público que foi leviano. Vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá”.

Enquanto jornalistas eram hostilizados em São Bernardo, o apartamento, em Belo Horizonte, da ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, era pichado por militantes. Dá o que pensar. E temer. 

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