As prescrições perigosas

22/06/2020 às 19:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:50


Interesses, muitas vezes, escusos levam pessoas a adotar determinada posição em torno de algum acontecimento ou episódio, de uma autoridade ou de alguma coisa. O que se tem visto, repetidamente, nestes dias de dúvidas, dores e angústias com a Pandemia do coronavírus, de alto desemprego, de precipitadas atitudes políticas. Quando o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta anunciou uma série de medidas para combater o mal ainda tão mal conhecido, foi um Deus nos acuda.

Permanecer em casa enquanto é tão bom ir às ruas, e às festas, andar de bicicleta, passear, adquirir um bronzeado na praia ou na piscina, assemelha-se a uma séria ofensa ao cidadão moderno e saudável. Sobretudo entre nós, que gostamos de esportes, de praticá-los, de ir ao futebol, pareceria um ultraje à orientação oficial. No entanto, vemos que agiram os gestores de Saúde como deviam, evitando males maiores. Mas, há gentes – uso plural – que persistem em suas decisões, contrariando o que a autoridade competente propõe. São aqueles que assim agem para aparecer, em grande parte, para se promover, como no caso famoso do uso da cloroquina proposto para combater a Covid-19. Como o infalível presidente dos Estados Unidos afirmara que o produto era indicado e eficaz, outros chefes de governo o seguiram, e não é preciso acrescentar que o Brasil foi atrás, a despeito de pareceres contrários de organizações credenciadas e profissionais de notório saber. Aconteceu com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuja posição científica séria foi criticada por Trump. 

O atual ocupante da Casa Branca deu o exemplo: já estava tomando a cloroquina, embora todas as advertências. Até que chegou a público conhecimento o julgamento da Food and Drugs Administration, a poderosa agência que expressa a palavra final e oficial sobre assuntos dessa natureza.

O respectivo documento é claro e objetivo: “Estudos recentes apontam que não há diferença e eficiência no uso do medicamento contra o Sars-CoV-2; a agência diz acreditar que as dosagens para hidroxicloroquina não têm efeito antiviral; diretrizes médicas dos EUA não recomendam o tratamento com as substâncias e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos Unidos (NIH) não defende o uso fora de pesquisas.

Desmente-se, assim, o ditado popular de que “aonde vai a vaca, o boi vai atrás”. Principalmente, quando se trata de saúde e vida do ser humano. Ainda bem que não houve, ao que se sabe, até agora, consequências mais perversas, de que também padeceria Trump. Se bem que ele mesmo declarou que, com o uso do medicamento, não se sente melhor, tampouco pior.

Mas fiquemos atentos: “Já foram reportados à OMS mais de 7,8 milhões de casos da Covid-19, com mais de 430 mil mortes atribuídas a ela. Levou mais de dois meses para os primeiros 100 mil casos serem reportados. Nas últimas duas semanas, mais de 100 mil casos foram reportados quase todo dia”. 

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