Como ficará Cuba sem Fidel

29/11/2016 às 13:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:52

Em 1926, nascido em 13 de agosto, dia aziago para os que creem em assombração, Fidel Castro Ruz cerrou os olhos em 25 de novembro de 2016, embora o anúncio da morte acontecesse na madrugada do dia seguinte. Com o falecimento do “comandante”, o seu julgamento possibilita controversas opiniões e previsões sobre o futuro.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se manifestou sobriamente: “A história julgará essa figura singular”. O próprio Fidel dissera. “Podem condenar-me, não importa. A História me absolverá”. Donald Trump foi duro e peremptório: “Foi um ditador brutal que oprimiu seu povo”. Os comentários colhidos em todo o mundo demonstram, à saciedade, que Fidel Castro Ruz foi tudo o bastante do que ora se propala. 

Não se esquece que Cuba, sob sua direção, atingiu altos níveis de assistência à saúde, com taxa de mortalidade infantil de 4,2 para cada mil nascidos vivos (em 2014), enquanto no Brasil chegávamos a 14,4. Cuba foi o único país latino-americano a cumprir as metas mundiais de educação da ONU, chegando aos mais baixos índices de analfabetismo do planeta. Mas, por outro lado, de acordo com uma associação de pessoas de origem cubana que moram nos EUA, o regime foi responsável pela morte de cerca de 58 mil cidadãos.

Alina Fernández, filha de Fidel, médica, exilada nos Estados Unidos, ao escrever seu livro de memórias (há tradução no Brasil), ao expor suas observações, inclusive críticas, pede que o leitor não veja no texto uma “verdade absoluta”, pois escrita no calor da emoção. Em fevereiro de 1998 escreveu: “Acompanhei os últimos acontecimentos de minha querida ilha: o primeiro Natal comemorado pelos cubanos dede 1969, a fuga do jogador de beisebol Orlando Hernandez, a visita do papa”. Concluiu: “O que será de Cuba? Essa é a pergunta que me faço diariamente e para a qual ainda não há resposta!”. 

A blogueira cubana Yoni Sánchez, independente, que enfrentou restrições sérias em seu país pelo exercício do ofício, comentara: “Um sistema que funciona há 50 anos e que necessita mostrar seu líder envelhecido para validar-se, quer dizer que as coisas vão muito mal mesmo”. 

Richard Gott, jornalista e historiador inglês, autor de vários livros sobre os movimentos revolucionários na América Latina, esteve na ilha mais de uma vez e tranquilo previu: “Pessoalmente, espero poucas mudanças nos próximos anos, ou mesmo depois que Castro morrer. Cuba já vem sendo governada por um governo pós-Castro. Raúl Castro hoje comanda as forças armadas, como tem comandado desde 1959”. 

Adiante: “Cuba jamais se entregou a um culto de personalidade ao estilo soviético, mas quase nada aconteceu sem a palavra dele, e os seus entusiasmos tornaram-se aqueles do país”. Hoje (o livro é de 2006) ele é presidente emérito, homem de Estado ancião, a máquina do governo funciona sem a sua mão no leme. Ele já não corre o país, mas preside um governo que é sua criação. Mudou o seu solgan, de “socialismo ou morte”, adequado ao violento século XX, para “um mundo melhor é possível”, apropriado aos revolucionários mais pacifistas de uma nova era. Quando morrer, haverá pouca mudança em Cuba. Enquanto pouca gente via, a mudança já ocorreu”.

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