Em tempo de guerra

09/09/2020 às 09:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:29

Os chefes de Estado e de Governo, assim como suas esposas, participavam diretamente dos esforços gerais durante guerras e tragédias outras. Poderia lembrar algumas delas.... E deles.... No front ou ao lado dos soldados. Robert K. Massie, por exemplo, autor de um livro que se popularizou, virou filme e se tornou sucesso no cinema, relata a participação da rainha Alexandra nos últimos anos da monarquia russa, assumindo espontaneamente liderança de um grupo de pessoas da família na assistência aos soldados feridos durante a 1ª Grande Guerra.

Na velha Rússia, durante o grande conflito, a imperatriz chegava às 9h pontualmente, vestindo o uniforme cinzento do serviço de saúde, acompanhada das filhas mais velhas, Olga e Tatiana, e da amiga Anna Vyrobova, para o curso de Enfermagem. Passavam ao atendimento dos soldados, que chegavam feridos e moribundos. Para Alexandra, aquilo era a Rússia, sangrando e gemendo. Cabia-lhe dar assistência. Um espetáculo sombrio, que não a desanimava.

Semelhante esforço desenvolveu no Brasil o presidente da República, Wenceslau Braz, nos últimos tempos de Governo, quando da calamidade causada pela gripe Espanhola. A doença, trazida pelos navios da Europa, pegou a população de surpresa e se alastrou facilmente.

O chefe da nação, mineiro de Itajubá, enfrentou tudo com disposição. Além de todos os misteres do cargo naquela hora, ainda encontrava tempo para visitar, diariamente, com a esposa, hospitais e cemitérios, no Rio de Janeiro, capital da República, para oferecer o conforto às famílias. Expunha-se ao contágio, firme no propósito de determinar providências que pudessem amenizar as dimensões da hecatombe. Os cariocas se emocionavam com seu senso de solidariedade e desvelo.

O velho e solidário costume parece que se vai perdendo no âmbito das lembranças e nas descrições da História.

Os dirigentes nacionais e suas esposas se dedicam mais a outros afazeres, que sempre os há para quem quer servir à pátria e seus cidadãos. Oportunidades não faltam, mas é imprescindível uma disposição de espírito, o que, parece, vai-se escasseando no período turbulento politicamente que atravessamos.

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