Fuzuê no Capitólio

12/01/2021 às 18:41.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:54

Os acontecimentos da quarta-feira, 6 de janeiro de 2021, em Washington, poderiam ter sido registrados em qualquer nação do mundo, menos nos Estados Unidos da América, considerados paradigma em termos democráticos. Os heróis da Independência, os que sonharam a pátria do entendimento, paz e liberdade, terão revolvido seus corpos sob a terra em sinal de surpresa e indignação.

O que ocorreu na capital americana, com a invasão programada do Capitólio, foi algo que apanhou de surpresa o mundo ocidental principalmente, que sempre viu na pátria de Lincoln e George Washington exemplo para todas as nações do planeta, quanto à prática do jogo democrático.

Pareceu mais do que nunca que a grande nação do Norte se transformara em uma das repúblicas de bananas do hemisfério Sul do novo mundo, em que  presidentes se julgam no direito de exercer a chefia do Executivo por mais de um mandato, sem consulta ao eleitorado. De um instante para outro, Trump, cujo mandato se esgota, fez o papel, ridículo – diria eu, de um dos ditadorzinhos fabricados entre povos do Sul do continente.

Lembrar-se-ia, agora, aquele samba que foi sucesso na música popular, em que se cantava: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Com a vantagem de que, na capital dos EUA, os invasores entraram devidamente fantasiados carnavalescamente e ingressaram nas nobres dependências do Capitólio armados com vários instrumentos de força como se fossem a uma batalha campal. O que até certo o foi, resultando em mortos e feridos.

Num passe mágico, Washington se transformara em Caracas, enquanto o presidente americano se igualava a Nicolás Maduro e se afirmara novamente eleito presidente da República, como aquele tem feito desde a morte de Hugo Chávez.

Mas a sempre criticada imprensa já levara a todos os recantos da Terra, as declarações insanas do ainda atual ocupante da Casa Branca de que as eleições de novembro tinham sido fraudulentas. Mas a afirmativa, reiteradamente utilizada por Trump, via mídia e redes sociais, não espelhou o pensamento do povo americano, a não ser daqueles decisivamente atrelados à posição presidencial. 

James Naylor Green, historiador político Brown University (em Rhode Island), culpou Trump pela insurreição. “Ele instou as pessoas a atacarem o Congresso na tentativa de interromper o processo de reconhecimento de Biden como presidente legitimamente eleito. Os esforços para realizar um golpe de Estado mostram o desespero do presidente e seu controle sobre a base da extrema-direita”, completou o raciocínio.

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