História e exemplos

08/09/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:20

Tenho em mãos a edição da revista “Memória Cult”, correspondente a junho. É um regalo sempre renovado à inteligência, à história e à beleza, que chega ao leitor graças à dedicação de Eugênio Ferraz, diretor executivo e editor geral. Avocou-se ele a missão de apresentar regularmente um retrato de Minas em toda sua inteireza.

Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, dos quadros do Ministério da Fazenda desde 1974 e 40 anos na superintendência em Minas. Neste último, se afastou para assumir a direção da Imprensa Oficial do Estado. Dali, após cinco anos de excelentes serviços à causa da cultura, das letras, da arte e do civismo, se desligou por força de reforma administrativa.

De volta à cidade natal, São Lourenço, assumiu a presidência do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, onde ficou quatro meses. Ao sair, apresentou minucioso relatório sobre sua atuação, com gestão voltada pelo culto à ética, respeito à coisa pública, moralidade, transparência, legalidade e impessoalidade, além de outros valores morais e técnicos.

Seu vínculo com as melhores causas da difusão histórica e intelectual, contudo, não sofreu solução de continuidade, como se pode depreender da nova Memória Cult. Temos ali matérias do mais alto interesse para quem deseja melhor conhecer Minas Gerais.

Assim, a entrevista com a escritora Laura Medioli; o brilhante registro dos 175 anos da Batalha de Santa Luzia, pelo texto do promotor Marcos Paulo de Souza Miranda; a descrição do trabalho do cordelista Geraldo Amâncio Pereira sobre a Inconfidência Mineira; a reportagem tão bem ilustrada sobre Pedras de Raio (texto de Gilberto Pires Azevedo) com fotos do Núcleo de Pesquisa Arqueológica do Alto Rio Grande; a entrevista do jornalista Petrônio Souza Gonçalves com o quadrinista Celton; o ensaio do juiz Bruno Terra Dias sobre Histórias Exemplares, começando com a Grécia Antiga; e, ainda, artigo do jurista José Anchieta da Silva sobre seu grande conterrâneo, de Santa Bárbara do Mato Dentro, Affonso Penna, nome da principal avenida da capital, um brasileiro que tanto dignificou nossa vida política. 

Vê-se, pela referência aos textos introduzidos na nova Cult, como Minas Gerais está presente, inclusive pelas revoltas do período de Regência e de início do Segundo Reinado, quando eclodiu, em 1842, poderoso movimento revolucionário, em São Paulo e Minas Gerais. Então se extinguiu por decreto a Câmara dos Deputados, e cá nas montanhas, o novo presidente da província, Bernardo Jacinto da Veiga, adiou o funcionamento da Assembleia Legislativa.

Por oportuno, lembro que, em 14 de junho do ano vindouro, se registrará o 110º aniversário do falecimento do ex-presidente Affonso Penna, que tantos e tão nobres serviços prestou ao Brasil. Na hora presente, de intensa campanha política, o evocaria. Não se opôs ele à candidatura de Hermes da Fonseca à presidência, sem aceitar que se apoiasse nas Forças Armadas para atingir a chefia do Executivo nacional. No ocaso da vida, sentiu-se culpado das combalidas finanças da família, ao ter priorizado cuidar das contas nacionais. Pretendia voltar à banca advocatícia para receber honorários, mas tanatos já lhe batia à porta. 

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