Mais que cor e ficção

25/04/2018 às 19:09.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:32

Pessoas há que nasceram com a visão de futuro. Profetas ou adivinhos estão inseridos entre os povos e habitam as páginas dos livros de história e religião. Ou de religiões. Os brasileiros, formados sob o símbolo da Cruz, em que foi crucificado Jesus e movidos pela fé cristã, ouvem a respeito ou leem nas páginas da Bíblia Sagrada – no velho ou no novo Testamento. 

Há, todavia, homens que antecipam o futuro em seus escritos, seja em trabalhos científicos ou literários. Ninguém se esquecerá, certamente, de Júlio Verne, autor de magníficas obras de ficção, transpostas com sucesso ao cinema.

Mas, no Brasil, há alguém que não se pode olvidar. Refiro-me a Monteiro Lobato, consagrado como autor de contos infantis, mas que se revelou em outras importantes áreas do gênio humano. Lobato, paulista, sintetiza o escritor do Brasil do século passado, culto, criativo, patriota, não restrito às fábulas e historietas destinadas às crianças.

A ele se deve, por exemplo, livros valiosos para a própria vida nacional. Falecido há 70 anos, em 1948, deixou um legado precioso de ideias que ganharam força com o decorrer do tempo. Foi assim com “A luta pelo petróleo”, que advertiu os políticos brasileiros para a imensa riqueza que tínhamos e desprezávamos, quando o império do ouro negro já resultava em voracidade na sua exploração pelas maiores nações do planeta. 
Não se restringiu à ideia. Dirigiu-se ao presidente da República, Getúlio Vargas, insistiu em sua tese, usou a imprensa, incomodou, e tanto, que terminou preso pela ditadura. Sem embargo, estava carregado de razões, como se demonstrou soberbamente. Não era invenção: tínhamos petróleo, faltavam perspectivas de nossos homens públicos e do próprio empresariado. 

O jornalista e escritor Pedro Rogério Moreira, confrade na Academia Mineira de Letras, filho do presidente perpétuo Vivaldi Moreira, trouxe do escaninho da memória uma outra produção de Monteiro, este um amigo pessoal do autor cá das montanhas, Godofredo Rangel. Em 1926, publicou “O Presidente Negro”, um de seus livros não muito lembrados, mas agora oportunamente evocado. 

No volume, Lobato discorre sobre a eleição, nos Estados Unidos, no ano de 2228, de um chefe de Estado negro, Jim Roy. Parecia improvável, numa época de profunda discriminação ao negro na terra de Tio Sam. No entanto, Monteiro só errou em termos de data: Barack Obama, muito mais cedo do que se admitira, foi eleito para a Casa Branca e exerceu a presidência por oito anos. Depois veio Donald Trump.

No Brasil, o Joaquim Barbosa, mineiro de Paracatu, ex-presidente do STF e de origem humilde, é candidato à sucessão de Michel Temer.

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