Na pista da criminalidade

29/11/2018 às 07:00.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:26

Não mais causam espanto ou susto, porque as notícias estão inseridas no regular noticiário de todos os veículos de comunicação. São referentes à onda de violência que invadiu o Brasil e se propagou pelos estados, pelas favelas – transformadas em comunidades, pelos conjuntos habitacionais, até mansões e palacetes. Mata-se muito, contrariando a nossa pretensa tradição de gente pacífica e cordial. Transformamo-nos ou a eficiência da imprensa é maior do que antes e dissemina mais amplamente informações sobre as maldades cotidianas?

Há dezenas e dezenas de especialistas em criminalidade se manifestando sobre causas do fenômeno, suas consequências sociais e penais, o clima de temor que as pessoas têm na intimidade do lar ou na simples locomoção pelas ruas, no cumprimento das jornadas de trabalho, em qualquer atividade e horário. O brasileiro mata e o brasileiro tem medo. Sua vida pode estar por um fio.

Pelo rádio do táxi, é ainda manhã, tomo conhecimento dos últimos episódios, os da madrugada, quando mais vidas foram ceifadas, mais sangue se derramou por motivos fúteis ou torpes, pelo extremo etílico dos autores (como costumam dizer os soldados da PM), pela fúria dos namorados ou maridos, diante muitas vezes de fuxicos ou pela canalhice dos que querem cobrar à bala os débitos contraídos por vítimas dos usuários de drogas.

Os dados são horripilantes. Pelo menos 38.436 pessoas foram assassinadas nos nove primeiros meses deste ano no Brasil – o tempo normal para gestação de uma vida humana. A cifra, porém, é ainda maior. Maranhão e Paraná não divulgaram os dados referentes ao nono mês. No entanto, o cômputo contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidos de morte, que compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais. 

Embora muito se comente sobre a violência no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e do Norte, nas regiões fronteiriças de Roraima, Paraguai e Bolívia, a verdade é que nenhum rincão deste país (grande e bobo, como diz o escritor Eduardo Almeida Reis) escapa do quadro de letalidade. Márcia Alves, diretora de Prevenção Social ao Crime e à Violência da Secretaria Municipal de Segurança Pública da Prefeitura da capital, considera que o homicídio é “apenas a consequência final” de um contexto de desvantagens sociais. O problema é muito maior.

Enquanto isso, a despeito de esforços do poder público, continuamos matando e morrendo, mais do que no tempo das diligências no velho Oeste americano. O município quer expandir a rede de cuidados e proteção para adolescentes vítimas de agressão. É medida muito correta em consonância com nossa realidade. Mas alguma área deve também expandir a ação contra os jovens autores de agressão e de violência, de modo geral.

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