O ano é novo

02/01/2020 às 20:32.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:10

O ano é novo, pelo menos no calendário. Estamos no 2020 da era cristã, que nos dá oportunidade de corrigir erros do passado e de trilhar o bom caminho. E este existe. Repito aqui trechos de um artigo do desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rogério Medeiros Garcia de Lima, publicado no agonizante 2019:

“Há mais de duas décadas o Brasil foi transformado em um lodaçal, a corrupção alastrou-se na vida pública. Políticos, autoridades e servidores do Legislativo, Executivo e Judiciário, no âmbito da União, Estado e municípios, foram flagrados em práticas da improbidade administrativa”.

Não é novidade, sequer estigma que atinge apenas o Brasil. Os que aqui vivemos, sabemos e conhecemos onde estão os corruptos, quem são eles, os cargos que ocupam ou ocuparam, como atuaram. E a imprensa, tão criticada, até vilipendiada, exatamente por relatar publicamente os fatos, é acusada por fazê-lo.

A história aí se revela, não é estática, é dialética, e os tempos sombrios também passam. Mas voltam. O escritor, já falecido, Emanuel Medeiros Vieira, perguntava: “o que está por detrás disso? É o que em latim se chama “Auri Sacra Fames”, Fome de Dinheiro”.

Falta ética, um dos substantivos mais utilizados em nosso tempo, inclusive no Brasil. Medeiros evoca o saudoso político e jurista Franco Montoro, cidadão íntegro, que cheguei a conhecer pessoalmente. Ele se impressionava com o número de publicações sobre ética nos anos de 1990.

Tratava-se de ética na política, no direito, na indústria, no comércio, na administração, na Justiça, nos negócios, no esporte, na ciência, na economia e na comunicação. Simultaneamente se promoviam movimentos populares ou associativos, reivindicando ética na vida pública, na vida social e no comportamento pessoal. No entanto, tiveram resultado desalentador e, muitas vezes, trágico. Cumpre, pois, meditar sobre o tema, como repetidamente proclamo.

Aproxima-se o pleito municipal, uma nova oportunidade de mostrarmos o que somos e o que desejamos na política, sobretudo depois de sucessivos desencantos e até crimes. É uma nova ocasião para nos redimirmos e deixarmos um exemplo para as próximas gerações. 

Comentando a fase ora vivida, o desembargador acrescentava, em artigo: muitos dos que xingam os corruptos são os mesmos que elegem políticos almejando benesses pessoais.

A cultura do descompromisso com o Brasil se acentuou deliberadamente nas últimas décadas. Mas, não seria esta a hora propícia para mudar? Afinal, é ano novo. E o que é novo geralmente nasce limpo e puro, ainda que a délivrance seja numa manjedoura, como aconteceu com Jesus, filho de Maria, em Belém de Judá, há dois mil anos. Aprender é bom e salutar.

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