O embate na PGR

25/08/2020 às 18:12.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:22

A Lava Jato foi a maior operação de combate à corrupção em todo o mundo. As notícias do trabalho desenvolvido pelos promotores e demais que se dedicaram ao projeto, nascido silenciosamente, satisfaziam aos seus autores e orgulhavam o Brasil. A nossa má fama como gestores de dinheiros públicos perdia força.

            A Lava Jato passou a ser referência na hora de decisões de interesse nacional. Quando Temer teve de escolher o núcleo palaciano, constatou que cinco dos pretendentes a relevantes cargos eram objeto de investigações pela operação.

            A corrupção se generalizara. O empresário Marcelo Odebrecht, em determinada ocasião, declarou que sua empresa era o próprio Estado e que “os irmãos da JBS financiaram 1.850 políticos, elegendo prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidentes da República”, como lembrou alhures o jornalista Aylê Salassié Filgueiras Quintão.

            O brasileiro tomou conhecimento pela Imprensa, tão criticada e vilipendiada, do festival de dinheiro público - ou seja, dos cidadãos - angariado fraudulentamente e utilizado em campanhas, e mesmo no exercício de cargos de relevo. A palavra “propina” deixou de ser apenas usada para as gorjetas nos restaurantes.

            Um instituto de avaliação dos gastos de governo constatou que, em 20 anos, R$ 2 trilhões de recursos públicos foram desviados. A Lava Jato tentou vencer contrários, mas se atirou em um mercado de interesses políticos e de ciumeira governamental.

            Eis o momento em que nos encontramos, quando o espaço nos meios de comunicação é tomado pelo noticiário, com muita razão, sobre a pandemia. O procurador-geral da República de hoje descobriu que os agentes de Curitiba, principalmente, teriam se excedido no exercício de seus misteres, ou no cumprimento de diligências. O titular da PGR acha que é “hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”.

            Acha S.Exa. que é chegada a hora de centralizar as ações da Procuradoria em Brasília, depois de ação enérgica e bem-sucedida da Lava Jato. Mas, há, em meio a tudo, possíveis outros motivos, que precisam ser analisados. Um retrocesso, como parece possível, seria altamente prejudicial para a nação e para a própria PGR.

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