O Paraguai pede passagem

16/05/2018 às 20:16.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:52

Nutro grande simpatia pelo povo do Paraguai, uma nação que aparece na América do Sul como uma espécie de coitadinha, sobretudo depois do caos em que afundou o país com a Guerra do Paraguai, no final do século XIX. Em verdade, o presidente Bartolomeu Mitre, da Argentina, sempre tivera intenção de anexar a República do Paraguai à Confederação da Argentina.

Para atrair o Brasil à aventura bélica, houve proibição do ditador guarani Solano López de nossas embarcações usarem o rio Paraguai para acesso à província de Mato Grosso, impedindo a movimentação de valiosas cargas de erva mate, madeiras e tabaco e causando vultosos prejuízos. 
Assim, Buenos Aires, Rio de Janeiro e Montevidéu decidiram enfrentar Assunção, numa guerra que se desenvolveu de 1865 a 1870, com reflexos altamente perniciosos às três nações. 

Houve transformações profundas nas relações entre Brasil e Paraguai no decorrer do tempo, mas o vizinho continuou o primo pobre. O Império virou República e esta, entre outros fatos memoráveis, construiu a Hidrelétrica de Itaipu, o que assegura o fornecimento de energia aos dois lados da fronteira, de modo a prover a demanda industrial, inclusive futura. Ótimo.

Afora, leio nos jornais a informação sobre um belo empreendimento no limite entre nossos países, o que, em princípio, é motivo de gáudio. 
O Paraguai vai propor ao Brasil financiar todo o orçamento de mais de U$ 6 milhões para a construção de uma ponte sobre o rio Aspa, que unirá San Lázaro, no departamento de Concepcion, ao Estado do Mato Grosso do Sul.

O titular paraguaio de Obras Públicas e Comunicação, Ramón Jiménez Gaona, anuncia que o ministro Valter Casimiro Silveira, de Relações Exteriores, iria discutir o projeto durante encontro em Brasília. A ponte terá extensão de 200 metros e o investimento do governo paraguaio está estimado entre US$ 6 milhões e US$ 8 milhões. O Paraguai tem interesse de que essa infraestrutura seja construída o mais rápido possível para garantir sua ligação com o Brasil. O empreendimento é considerado estratégico pelos paraguaios. A minuta de acordo envolvendo a proposta já foi entregue ao governo brasileiro.
Não ficou claro que tipo de produção será escoado pela nova ligação. Não consta do noticiário. Por outro lado, teme-se que se torne uma nova e rendosa rota de drogas, de que o nosso Hermano é pródigo.

Evidentemente, as autoridades “brasilenãs” estão suficientemente atentas. O tráfico já nos inquieta demais, exigindo até a participação das Forças Armadas no próprio perímetro territorial. 

Os inimigos do Brasil não são mais os da II Grande Guerra. Naquela ocasião, terminado o conflito, o Paraguai se tornou um paraíso para militares e civis nazistas, que fugiam aos julgamentos na Europa. Sem esquecer Menghele, o Anjo da Morte, médico responsável por experiências genéticas, que conseguiu transferir-se para o Brasil e aqui morreu. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por