O que o Brasil quer

26/05/2017 às 18:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:44

Não deixo de ler os jornais pelas beiradas, para conhecer o que as manchetes não revelam. O que menos se ouve recentemente é sobre as Forças Armadas. Explica-se: a situação é tão grave, tão delicada, que elas não gostariam de assumir mais uma vez o governo, hipótese muito remota, aliás. Mas os oficiais generais não são palermas: sabem o que fazem.

Leio, num canto de página do dia 20, a nota: “O Centro de Comunicação Social do Exército informa que, na tarde de hoje (19 de maio), convocados pelo senhor ministro da Defesa, os três comandantes da Força compareceram a uma audiência com o senhor presidente da República, em que foi discutida a conjuntura atual. No encontro, foi destacada a estrita observância das Forças Armadas aos ditames constitucionais. O general Villas Bôas, comandante do Exército, reafirma que a atuação da Força Terrestre tem por base os pilares da estabilidade, legalidade e legitimidade, e ressalta a coesão e unidade de pensamento entre as Forças Armadas”. Ótimo. 

Em 20 de maio, dia de São Bernardino de Sena, os jornais estavam em polvorosa, os telefones não cessavam de tocar, havia microfones e câmeras de tv e rádios pelas ruas, o trabalhador temia as dificuldades de locomover-se, em Brasília e áreas estratégicas de São Paulo e Rio. As manchetes esclareceram: Janot acusa Temer de corrupção, obstrução e organização criminosa; “O Estadão” e a “Folha de S. Paulo” focalizavam o mesmo assunto. As folhas internacionais soltavam títulos semelhantes, inclusive o “Clarín”, de Buenos Aires e o lisboeta “Público”. O “Financial Times” sublinhava que “Temer não renuncia” e “El País”, de Madri, destacava a crise brasileira. 

A situação é afrodescendente. Um sem número de pessoas, de alto coturno no mundo político e empresarial, acusavam, denunciavam, delatavam ou eram acusados, denunciados ou delatantes. Gravações de som e vídeo traziam de volta o espectro da inquietação. 

O presidente reage. Os herdeiros do caos insuflam e Temer reafirma: “Não renunciarei”. Dilma é apontada como pedinte de R$ 40 milhões a um grupo poderoso. Joesley Batista admite ter pago R$ 200 milhões a Mantega. O ministro Fachin põe as manguinhas de fora contra Aécio e a irmã. É lamentável o que acontece.
O presidente manteve reuniões diárias com o chefe do gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, e telefonou várias vezes para o ministro Raul Jungmann, da Defesa, preocupado com as manifestações do dia 24 em Brasília. A Inteligência da Polícia Rodoviária Federal alertou que mais de cem ônibus tinham sido fretados por sindicalistas a caminho de Brasília. Duzentos homens do Exército já estavam a postos em frente ao Ministério da Justiça desde às 16h do dia 23.

Às 16h59, as agências informativas diziam que, depois de bombas e fogo na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, determinara-se esvaziamento dos prédios, que apresentaram parcialmente destruídos. Temer autoriza que tropas federais reforcem a segurança, onde se realizavam desde cedo manifestações de protesto contra o governo. Renovo a pergunta: para onde vamos? A quem interessa a desordem? Quem está pagando a conta dos malfeitores? O Brasil quer paz.
 

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