O segundo semestre do ano

17/07/2018 às 20:46.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:28

A Copa do Mundo passou, é mero registro histórico, como as Olimpíadas inventadas pelos gregos. Agora, nas nações que participaram dos jogos, é enfiar a viola no saco e começar tudo de novo, porque o tempo não parou.

Para os brasileiros, eliminados da Copa, apelou o Papa, sucessor de Pedro, na cátedra: “coragem! Haverá novas oportunidades”. Com a mensagem, Sua Santidade incentivou o país que, em termos de competição, ficou no tri, durante o período militar. 

Não cabe agora choro nem vela, aceitou-se o resultado. O futebol do velho mundo predomina, com o quarto campeonato consecutivo vencido pela Europa, consagrada como epicentro do ludopédio. Não é novidade, porque a liderança dos europeus já também se revelou com os Mundiais Sub–20, Sub–17, com os torneios de clubes. Em resumo, os números mostram que a Europa domina o esporte. 

Observa-se que, desta vez, não se ouviu falar mais em Pelé, que deve estar com a saúde mais abalada. O craque ficou velho e silenciou sobre os fatos e detalhes do campeonato de 2018. A idade é penosa e triste, e não há muitos craques iguais ao sul-mineiro, que brilhou durante longo tempo. 

A propósito, já muito antes da Copa deste ano, Roberto da Matta observava com propriedade: “é revelador que o futebol seja um ‘jogo’, em que fatores imponderáveis intervêm. Como brasileirismo, o futebol é um escudo de autoafirmação com uma ambiguidade típica: é algo que praticamos com excelência, mas que não podemos prever o resultado. Trata-se de mais um traço da nossa proverbial duplicidade: somos os melhores do mundo, mas nem sempre podemos provar nossa excelência. Ela não é precisa e volta a nos relacionar com o imponderável, que aumenta a popularidade do futebol, tornando-o tanto sintoma quanto um esporte e indústria de massa. Quando ganhamos, o mundo vai bem; quando perdemos, viramos desgraçados”.

Para os cidadãos deste país grande e bobo, como o define o escritor e jornalista Eduardo Almeida Reis, membro da Academia Mineira de Letras, ainda teremos um jogo muito importante no calendário de 2018: as eleições para presidente da República, cujos votantes sequer conhecem os nomes dos candidatos como deveriam, tal a situação de imprevisibilidade que se estabeleceu até agora e que, parece, só se saberá ao certo em 15 de agosto. 

O Brasil tem uma grave responsabilidade ainda neste 2018, num mês estigmatizado por acontecimentos dolorosos e dramáticos, como a morte de Getúlio em 24 de agosto, em 1954, que apenas aparentemente está distante. O fundamental é sentirmos a democracia em que vivemos, embora duramente. É um modo de vida e uma conquista permanente, como disse a ministra do STF, Cármen Lúcia, que em setembro deixará a presidência da corte suprema.

Até lá, a roda da existência continuará, em meio às dificuldades e incertezas, que se tornaram permanentes para os homens e mulheres deste país. De volta ao recesso de meio de ano, novamente a palavra estará com o Judiciário, que teve de manifestar-se em episódios marcantes em julho fluente. 

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