O tempo parou

15/09/2020 às 16:12.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:32

Quem fizer uma longa viagem e regressar ao Brasil hoje, ao ler os jornais, indagará: “esse exemplar não é velho?”. Na realidade, quem tem o costume de recorrer às folhas para se informar sobre as notícias mais recentes, incidirá em dúvida.

Os velhos problemas e questões permanecem em destaque. Já nem me refiro à construção da BR-381, a Rodovia da Morte, ligando Belo Horizonte ao Leste do Estado – Espírito Santo – e facilitando o acesso ao litoral capixaba. Tampouco gostaria de lembrar o Anel Rodoviário da capital, cuja duplicação permanece na pauta de promessas dos candidatos a cargos públicos. Nem o metrô da metrópole dos mineiros, que se restringe praticamente ao que ficou dos chamados “anos de chumbo”, os da Ditadura Militar.

Sem focalizar a pandemia da Covid-19, que ocupa meio ano em todos os meios de comunicação e vai persistir muito tempo ainda, há de se constatar, por exemplo, que o “affair” das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro está em permanente atenção da imprensa.

O caso que envolve um filho do chefe da nação, hoje senador da República, continua objeto de investigações e, assim sendo, despertando natural interesse de televisões, rádios e jornais. E também das revistas. A evolução do problema segue em incessante postergação, até porque não é de interesse dos envolvidos. Com isso, evidentemente aumentam os honorários de advogados, o que para eles – sob este aspecto – é bom negócio. É bom conhecer o problema suscitado pelos causídicos em recentes episódios em São Paulo e outros estados.

Até onde irá, não se sabe. Existem frestas na legislação que permitem intervenções da defesa, mas quem fica mal, além dos investigados e acusados, dos investigadores igualmente, é a própria Justiça do país. Que tarda e anda falhando, porque parece não ser assim apenas a de Deus.

A novidade é o esforço que se faz para coibir as atividades da Lava-Jato, ao se por em sinal de atenção procuradores que atuaram na operação em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Desde a posse do atual titular da PGR, tem-se tentado, com veemência, levantar suspeitas sobre os métodos e práticas postos em ação. No entanto, trata-se, como reconhecido, da maior operação contra a corrupção no mundo nos últimos anos, com real proveito para o país. Ficar em Brasília, dando ordens e fazendo ressalvas ao trabalho alheio é muito mais aprazível, sem dúvida.

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