Pesadelo de um país em crise

22/05/2017 às 19:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:40

Conservei a notícia para ulterior aproveitamento. Mártires brasileiros serão canonizados em 15 de outubro na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Eles foram mortos por calvinistas holandeses no século XVIII. Sequer se necessitou de provas para o parecer positivo junto à Consagração de Causas dos Santos. 

São os primeiros santos e mártires brasileiros reconhecidos pela Igreja. Os prováveis seguintes, que habitam hoje o Brasil, serão reverenciados oportunamente em tempo e lugar ainda não sabidos. Pelo decorrer dos acontecimentos serão inúmeros, mas não demorará a canonização, se considerados os sofrimentos por que ora passam os cidadãos deste país, a começar pela inquietação causada pela incerteza política e ameaça às instituições. 

O que nos espera nas próximas 24 horas? Quem estará à frente dos destinos nacionais? Que resultará da situação a que foi levado o presidente da República com as delações de um grande empresário? Como será a repercussão dos fatos mais recentes, envolvendo nomes expressivos da vida política brasileira?

Tudo ainda é extremamente confuso, principalmente pela velocidade com que se deu sua divulgação. Há mais do que surpresa, porque estupefação. Será que no âmago das conversações houve um mínimo, ao menos, de espírito patriótico? Ou tudo faz parte de um doloroso e perigoso conluio de interesses perniciosos à nação? 

O empresário Joesley Batista divulgou carta aberta com uma confissão: ”Erramos e pedimos desculpas. Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o poder público brasileiro. E não nos orgulhamos disso”.

Evidentemente, o mea culpa é incompleto e o empresário mesmo o diz: “Não temos justificativas”. Repetiu: “pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos”. Não é suficiente a declaração.

Disse mais: “Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos. O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso, estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção. Assinamos acordo com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro. Pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos, que acreditam e torcem por nós. Enfrentaremos esse difícil momento com humildade e o superaremos acordando cedo e trabalhando muito”. 

O Brasil acompanhará rigorosamente, o que virá. Não agrada o conceito de mártires, mesmo em meio à celeuma da nossa vida agora. As nações civilizadas com razão não podem confiar. O quadro é sintomático e as possíveis melhoras, fugazes. Dependem dos homens que têm o poder nas mãos. Tudo se afigura frágil e sem consistência. Esse quadro tem de mudar urgentemente. Permanecemos no pesadelo de um país em crise. 

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