Redescoberta da América

25/10/2017 às 19:27.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:23

Esforcei-me por encontrar alguma referência sobre o descobrimento da América em outubro, já faz tempo. Em vão. Ou o continente não foi descoberto ou pecamos neste décimo mês de 2017 por omissão. Comentou-se muito, imensidão de laudas de papel foi consumida, horas e horas de veiculação eletrônica, mas se ficou mesmo no Outubro Rosa para conscientizar sobre o combate ao câncer, às festividades, no Brasil, em louvor e veneração a Nossa Senhora Aparecida, padroeira da nação e realmente venerada.

De América, nada. No entanto, este grande pedaço do mundo existe, é o segundo continente em extensão, com 42 milhões de quilômetros quadrados, e forma duas massas de terra: Américas do Sul e do Norte – unidas por uma estreita faixa, a América Central. Li, não sei onde ou quando, que, na época das grandes navegações, os europeus deram à região o nome de Novo Mundo e que o continente foi registrado cartograficamente pela primeira vez em 1518, quando Gerardus Mercador publicou sua versão do mapa-múndi.

A palavra América é usada para classificar as terras à Oeste da Europa, encontradas em 1492 pelo navegador genovês, a serviço da Espanha, Cristóvão Colombo. Mas o nome homenageia outro navegador, o italiano Américo Vespúcio, cujas primeiras expedições à região datam de 1507.

Observa-se como varia a História ao registrar os fatos, datas e nomes, seguindo a vocação humana de julgamentos. Quando desembarcou nestas bandas, Colombo conseguira convencer o monarca espanhol de que chegaria às Índias pelo Oceano Atlântico. Assim, em 12 de outubro, aportou na ilha de San Salvador, descobrindo o novo continente, em região chamada de Quisqueya pelos índios nativos. Começou-se a estabelecer a colônia.

Sei que Colombo por ali esteve e, ao chegar, em 1492, chamou a ilha encontrada de Hispaniola, que abriga o Haiti – que tristeza – e San Domingos, hoje a República Dominicana, separadas pelo rio Ozama, que nada tem a ver com Bin Laden. 

Santo Domingo de Gusmán, capital nacional da República Dominicana, denominada Ciudad Tujillo, na ditadura do general Rafael Trujillo, em 1936, é uma cidade bonita, de gente amável, que fui conhecer, quando o Hotel La Jaragua era o fino: hoje só se fala em Punta Cana.

A Catedral de Santo Domingo, no mais puro estilo do Renascimento espanhol, teve construção iniciada em 1512 e é uma joia, nela estando depositados (?) os restos mortais de Colombo, mas não se esquecerá que há a sua universidade, fundada em 1558, a mais antiga da América. Tem-se o que se conhecer como a Cidade Universitária, belos parques, avenidas amplas como a do passeio Presidente Bellini, na orla marítima, numerosos templos e velhos conventos, como o das Mercês. Nem tenho ouvido falar mais na praia Boca Chica, centro turístico antes muito frequentado.

A despeito da omissão nas comemorações do calendário do presente exercício (não é assim que consta de relatórios financeiros?), a América foi descoberta, com tudo de bom e mau que ela possa conter. Mario Vargas Llosa também encontrou o continente com atraso: “descobri a América Latina em Paris em 1960”. Seu personagem Urania, de “A festa do bode”, redescobre Santo Domingo de Gusmán, em habitado por um belo povo. “Povo invejável, pois, apesar dos séculos de cataclismos políticos, sociais e econômicos, nunca perdeu a vontade de viver”. Sim, a América há.

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