Tempo da Redentora

17/09/2021 às 17:07.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:53


Nestes tempos difíceis que vivemos, acompanhando a corda-bamba das disposições oficiais, que não dão segurança ao brasileiro, às voltas com o desemprego e a fome, recorremos a vultos históricos que possivelmente nos deem um norte. Ou não.

Digo-o porquê, no próximo 14 de novembro (deste 2021, é claro) se registra o centenário de morte da Redentora. Será que alguém ainda se lembrará de quem se trata? A Redentora, esclareço-o, foi a herdeira do imperador D. Pedro II e recebeu o título por ter dado fim a três séculos da escravidão no Brasil. Substituiu o pai três vezes em que ele teve de se ausentar por motivo de viagem.

Não só isso: foi ainda a primeira senadora do Brasil, cargo a que tinha direito como herdeira do trono, a partir dos 25 anos de idade, como determinava a Constituição do Império, de 1824. E ela fez mais: sancionou as leis do primeiro recenseamento do Império, naturalização de estrangeiros e relações comerciais com países vizinhos. 
Isabel reconhecia perfeitamente que, ao sancionar a lei, praticamente se despedia do trono, pois os republicanos planejavam um golpe em sentido contrário.

Ela não se intimidou, antes pelo contrário. Quis demonstrar que medira as consequências de seu ato. Saiu às ruas para comparecer a todas as festas de libertação realizadas pelo povo. E, olha: foram 15 dias, com o centro da antiga capital, o Rio de Janeiro, fartamente enfeitado com flores e a população em folguedos.

No fundo, no fundo, não era para menos. Durante a escravidão, 12 milhões de africanos foram vitimados. O próprio Vaticano reconheceu a coragem de Isabel e lhe concedeu a comenda da Rosa de Ouro. 

De nada adiantou. Instalada a República, ela e o Imperador viram-se exilados.

Sem querer receber qualquer tipo de ajuda, a qualquer título, Pedro e a filha viajaram à França, em 1889. Inicialmente, num castelo na Normandia, estabeleceram-se, e atendiam aos pedidos dos brasileiros que tinham algo a pedir. Informe-se para terminar: antes da Lei Áurea, a princesa costumava financiar a alforria de escravos com seu próprio dinheiro.

Nasceu no Rio de Janeiro de 1846 e passou sua infância no Paço do São Cristóvão; teve uma educação de alto nível, chegando a estudar até 15 horas por dia e diversas disciplinas; casou-se com o francês Conde d’Eu e teve quatro filhos com ele.

A princesa Isabel faleceu na França, em 14 de novembro de 1921, com a idade de 75 anos.
 

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