Tudo combinado, nada resolvido

17/03/2017 às 19:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:47

Enfim, pensar no futuro. No ano vindouro, o Carnaval será entre 9 a 11 de fevereiro no Brasil. Terminará como sempre, quarenta dias antes do Domingo de Ramos, dia da semana que antecede à Páscoa, um período de 46 dias. É a Quaresma – que a gente da roça pronunciava “coresma” –, um momento espiritual e de reflexão em que também se faz algum tipo de jejum. O Domingo de Páscoa acontece sempre entre 22 de março e 25 de abril, quando se celebra a Ressurreição de Cristo.

O ano, no entanto, flui inquietantemente entre nós. Acompanhemos as manchetes de um destes dias do mês: Brasília ferve com delações e inquéritos; Lista de Janot aumenta tensão no Planalto; ‘Lava Jato’ pode afastar Lula no mês da eleição; Brasília em apreensão; Promotores ameaçados.

Nem se dirá da interminável sucessão de crimes de toda natureza que pululam pelas colunas dos jornais, pelas telinhas de televisões e pelo rádio do carro. Se mais precisasse, surgiu a ameaça de paralisação do metrô em 15 de março, que precipitou a preocupação com o dia seguinte, enquanto se programavam marchas e concentrações que tumultuariam o trânsito nas áreas centrais e nos acessos das grandes cidades. Parece que, realmente, “há todo um rio invisível a correr nos subterrâneos do corpo social brasileiro”, como disse, há tempos, Fábio Lucas, em outras circunstâncias. 

A pergunta apropriada ao momento seria não mais “que país é este?”, mas “para onde vai este país?”. E na avalanche, os brasileiros são levados impiedosamente montanha abaixo. 

Se as instituições ainda funcionam, é bom reconhecer-se que não há satisfação do povo, ameaçado por todos os lados e em todas as horas, ou pela ação das organizações criminosas ou pela ostensiva divergência entre os partidos ou facções políticas no Congresso Nacional.

Todos os dias e noites, fica-se em atenção permanente e angustiante aos meios de comunicação para saber das últimas notícias sobre decisões do Judiciário ou das sucessivas substituições nos altos cargos do Executivo, mercê das sérias acusações que pesam sobre os nomes anunciados ou os cidadãos nomeados.

O Brasil perde confiança nos homens públicos e nas lideranças, enquanto o próprio Supremo Tribunal Federal entra no ritmo perigoso de dúvidas sobre declarações de ministros, condutas e decisões. No Brasil, entrou-se no difícil período do “tudo combinado, nada resolvido”. O que se sabe hoje não vale amanhã. 

Estamos fazendo de conta em torno de problemas graves nesta hora da vida nacional. O pior é que apenas “vamos levando”, quando o peso da responsabilidade paira muito acima das discussões pela mídia, que somente atiram mais lenha à fogueira, como se não estivesse em jogo a própria dignidade nacional. Não se brinca com fogo. Temos exemplos amargos ao longo da história. Há de reconhecer-e que se vive um instante de quase aflição, que pelo menos exige patriotismo. 

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