Uma guerra sem fim previsto

21/11/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:47

Aconteceu no Rio de Janeiro. Bandidos ligados ao tráfico, em meados de outubro, sequestraram um médico e o levaram para socorrer um criminoso. Após tiroteio na avenida Brasil, um policial e um criminoso se feriram. Levados a uma UPA; informou-se que o caso era grave e impunha cirurgia. Para segurança do marginal- vítima, apreendeu-se ali mesmo um discípulo de Hipócrates, transferido a uma clínica clandestina na Baixada Fluminense para procedimentos.

Este apenas um fato entre tantos que enodoam ou estigmatizam a crônica da cidade e do Estado do Rio. Uma pena para os que lá moraram em dias difíceis, mas menos marcados pela violência e pela corrupção, que enfim é uma espécie de demonstração prática daquela.

Um ex-governador carioca preso desde princípio do ano. Uma vergonha. Os negócios escusos em todas as atividades oficiais, com empresas evidentemente envolvidas. Deputados à Assembleia, inclusive seu presidente, presos por ordem judicial em 16 de novembro. Horas depois, foram soltos.

Além de outras personagens, envolvidas em escândalos pelo mau uso de com recursos públicos, isto é, do povo. 

Na periferia, uma guerra sem fronteiras. Funcionalismo em atraso, falta de material farmacêutico nos postos de saúde, revolta dos barnabés, sucessivos tiroteios nas comunidades – antes favelas. Balas matam os coitados, infantes, mulheres e idosos. Sangue, gritos e lágrimas, mais feridos e mortos. 

Sem embargo, o Rio de Janeiro é a única cidade brasileira incluída entre as 100 mais visitadas do mundo, embora em 85ª colocação. Em primeiro lugar e pelo oitavo ano consecutivo, Hong Kong. Nas Américas, só Nova York aparece entre as dez mais.

O Rio reflete o Brasil, infelizmente. Tivemos 61.619 mortes violentas no país, no ano passado, o maior índice de aumento da história, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só homicídios foram sete a cada dia e, no total, se matou em 2016 mais do que a bomba atômica de Nagasaki, em 1945. Mas era época de guerra mundial.

A violência não é terrível privilégio carioca, quando se sabe, por exemplo, que ela praticamente se comprovou em dobro nos registros da dengue e zika. Esta apresentou 719 casos possíveis, com 86 confirmados pelo critério laboratorial.

Em Minas, há violência, como não poderia deixar de ser. Nó dia 6 de novembro, trinta homens armados invadiram Uberaba. Roubaram empresa de valores. Usando explosivos, atiraram uma bomba perto do quartel da PM, amarraram correntes em postes, metralhadoras foram expostas pelos bandidos, com população em pânico. 

No dia 8, sertão adentro, três agências dos Correios assaltadas em ação com bananas de dinamite, provocando danos à estrutura de prédios, em Padre Carvalho, Varzelândia e Manga. Em Almenara e Rubim, no Jequitinhonha, um bando especializado em assaltos quis cumprir mais um projeto, mas quatro marginais foram mortos pela polícia. Pelo menos, estes darão sossego à população. Sabemos perfeitamente, todavia, que esta guerra não terminou, estamos apenas dando sequência, como se lerá nos jornais de hoje. 

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