Vinte anos de esforços

29/05/2020 às 17:25.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:38

No ano findo, a Santa Casa de Belo Horizonte, em maio, comemorou os seus 120 anos de fundação, correspondente também aos 450 da Santa Casa de Macau, incrustada hoje em território da China, nosso maior parceiro comercial, dirão os entendidos. Neste mês, além de registrar mais um aniversário da benemérita instituição mineira, criada em 21 de maio de 1899, considerei justo lembrar o fato.

É que, em 30 deste quinto mês de 2020, completam-se os vinte anos de posse de Saulo Levindo Coelho como provedor, o mais alto cargo da entidade. É época que, pelas circunstâncias impostas pela calamidade do coronavírus que se abate sobre a comunidade mundial, não é própria para festa. Há milhões sofrendo e morrendo nesta hora. Precisamos ser humanos e solidários.

Mas não se poderia deixar que passasse em branco a data, e esta é uma razão para o registro. Estar à frente de uma instituição, cujas raízes remontam acima de quinhentos anos, é uma honra, sim, mas de extrema responsabilidade, e a palavra “misericórdia” explica o suficiente.

Vivemos num país continental, como se proclama orgulhosamente, mas com extensas parcelas da população em pobreza, em todas as regiões, nas áreas rurais ou nos grandes centros. Gente humilde, sem formação educativa ou profissional, sem ter onde morar, como e onde trabalhar para viver dignamente, como merecem todas as pessoas de boa vontade e honestas.

Esta gente historicamente não encontrou onde tratar da saúde, daí a fundação da Santa Casa aqui, como em Portugal. O Sistema Único de Saúde, criado no Brasil há 30 anos, veio preencher um vazio, e já presta significativa colaboração/dever do poder público. É um esforço meritório, em que as filantrópicas colaboram eficientemente. São responsáveis por oferecer à saúde mais de 50 % do número total de leitos da rede pública. Não é pouca coisa, pois.

Saulo, o provedor, em duas décadas, disse a que veio, numa gestão que lembraria ilustres provedores, como José Maria de Alkmin, que ficou mais de 30 anos à frente da instituição. Outros deram também esplêndida ajuda, escondidos os nomes talvez na grandeza construída neste mais de século. Agora, além de tudo o que se vê e se sabe, há um centro de transplantes que é líder hospitalar na atividade, o Ensino e Pesquisa-Instituto, o Centro de Especialidades Médicas e, mais recentemente, a Faculdade Santa Casa. Ampliou o seu pioneiro CTI Infantil para atender a cirurgias cardíacas pediátricas  demandadas no país, segue um intenso programa de obras e de dinamização e otimização de serviços, prevendo-se para logo a inauguração do Instituto de Oncologia. Se perguntarem ao provedor pelos vinte anos de luta, talvez ele diga, como em soneto de Camões: “Mais servira, se não fosse para tão nobre causa , tão curta a vida”.

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