Voltando no tempo

30/12/2019 às 21:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:08

O Natal 2019 passou, mas deixou registros inapagáveis em cada ser humano que o viveu, sobretudo entre os cristãos. Em sua tradicional homilia, além da bênção Urbi et Ortbis, no Vaticano, o papa Francisco enfatizou a importância do amor incondicional diante da lógica do mercado. Em missa na Basílica de São Pedro, o pontífice, argentino de nacionalidade, Jorge Bergloglio, apelou à paz entre as nações, pedindo especificamente pelos países latino-americanos, que passam “por um período de agitação social e política”.

A missa de Natal celebra o nascimento de Jesus, em Belém, segundo a tradição cristã. Embora nenhum texto do Novo Testamento indique o dia e a hora, sua comemoração se faz em 25 de dezembro, como escolhido no século 4, o que permitiu a circuncisão no dia 1º de janeiro. A comunidade cristã permanece assim no âmbito de acontecimentos milenares.

Geoffrey Blainey, autor de obras consagradas como “Uma breve História do Mundo” e “Uma breve História da Cristianismo”, brilhante estudioso e já consagrado, professor de Harvard, faz algumas observações, adequadas ao tempo de agora. Ele pergunta: Afinal, quem foi Jesus? Um mito ou um homem de infinita sabedoria? Qual a origem dos Evangelhos e o que se sabe a respeito daqueles que os teriam redigido? Que fatos levaram o cristianismo ao redor do mundo?

Recorda o autor, por exemplo, que Jesus em quase todos os seus ensinamentos usava uma língua semítica, o aramaico, ainda empregado presentemente em várias regiões do Oriente Médio. Ele falava um pouco de hebraico e um pouco de grego, mas o aramaico era o natural. Assim, a palavra “abba”, que significa “pai” e empregada por Jesus quando orava no Jardim de Getsêmani, é do aramaico, como aconteceu durante a crucificação, embora o idioma fosse pouco usado pelos grupos cristãos fundados nas primeiras décadas após sua morte. A maior parte das primeiras igrejas cristãs da Palestina se valia do hebraico, principal língua dos judeus. Mas os judeus cristãos que se reuniam fora dali utilizavam o grego, a principal na metade oriental do Império Romano. Os quatro Evangelhos, que compreendem a essência do Novo Testamento, foram escritos em grego. 

Assim, Jesus e Bíblia são gregos, como o é “anjo”, significando mensageiro. Depois da morte de Cristo, os doze apóstolos receberam o nome, também grego, de “apóstolos”; bispo quer dizer “inspetor” e eucaristia “Ação de Graças”; “Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa”. Até hoje, ouve-se a oração “Senhor, tem piedade” na versão grega – “Kyrie eleison”.

Em Roma, a língua dos primeiros cristãos era o grego. Vitor, um norte-africano morto em 198, foi o primeiro papa a abandonar o grego e escrever em latim. Perpétua, morta no Norte da África, em 203, foi talvez a primeira cristã a escrever em latim, que acabou por ser o idioma dos cristãos ocidentais. 

E há muito mais. O mais antigo registro feito por um dos primeiros cristãos é uma carta de poucas linhas, escrita por Paulo – a Primeira Epístola dos Tessalônicos, encontrada em torno de vinte anos depois da morte de Jesus. 

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