É Preciso dar exemplo

24/04/2017 às 10:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:15

Na última quinta-feira, 20 de abril, não houve expediente na Câmara Municipal, por declaração de recesso, ponto facultativo ou seja lá qual artifício foi utilizado desta vez.

Qual é o feriado que se comemora no dia 20 de abril? Isso mesmo, não me refiro ao dia 21, em comemoração a Tiradentes, mas ao dia 20, véspera do feriado.

É prática antiga e conhecida, no serviço público brasileiro, a de emendar feriados que caem em uma terça ou quinta. Mas conceder recesso em véspera de um feriado, em plena quinta-feira, em meio a outros dois finais de semana prolongados (semana santa e dia do trabalho), parece um capricho adicional desnecessário.

Desnecessário, mas revelador.

É que são nessas pequenas coisas que a prática política se enreda, revela seu desprezo pelas pessoas comuns e pela opinião geral.
Qual a necessidade de se conceder um dia a mais de folga para a Câmara Municipal, seus vereadores e servidores, em meio a tantos escândalos e problemas, com economia em crise, desemprego em alta, déficit orçamentário, violência crescente?

Vão dizer que uma coisa não tem qualquer relação com as outras e que não fez efetivamente nenhuma diferença o fechamento da Câmara em plena quinta-feira, quando todos os pagadores de impostos de BH estavam trabalhando. Vou ter de discordar, por ao menos duas razões:

1. Se não fez qualquer diferença, talvez seja hora de reavaliar o papel do legislativo municipal e de sua estrutura paquidérmica, que custa R$240milhões aos cofres municipais ao ano;

2. Mesmo que não tenha feito qualquer diferença, a mensagem de desrespeito ao dinheiro do contribuinte, de desinteresse pela opinião pública e de descaso com o serviço público seria razão suficiente para que não tivesse sido feito assim.
Exemplos contam!

O mundo político não pode continuar pedindo sacrifícios a quem vive com impostos altos, serviços públicos precários e renda em queda, enquanto continua se comportando como se nada estivesse acontecendo. Não é mais possível conviver com a existência de uma realidade política separada da “vida da rua”.

Os tempos estão mudando -- não é um presságio, mas simples leitura da realidade. Os políticos podem ajudar a construir essa nova realidade, se forem capazes de mais senso cívico e respeito próprio. É isso que tenho repetido, ao lado dos outros vereadores eleitos ano passado pelo NOVO, em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Parecemos vozes isoladas, mas somos apenas o eco de um conjunto formado por milhões de vozes e votos.

Que os políticos não se enganem: todos que se colocarem como obstáculo à mudança moralizante da política serão, em algum momento, atropelados pela nova realidade.

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