A assombração das verbas indenizatórias

09/11/2018 às 21:51.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:46

Desde que o tema das eleições para a mesa diretora da Câmara Municipal começaram, em BH, há alguns meses, um assunto tem povoado as conversas de corredores: a volta das verbas indenizatórias.

Esse é um dos modelos mais criticados do Brasil, o velho sistema de pagar as despesas e depois levar para a câmara fazer o reembolso do que o vereador gastou. É um modelo fadado ao fracasso, especialmente enquanto continuar a prevalecer, por aqui, a lógica das pequenas espertezas.

Basta ver que já tivemos denúncia de parlamentar que abastecia o suficiente para andar mais de 20mil quilômetros por mês, que almoçava quase 10 kg em um restaurante ou que pagava serviços de amantes com a verba indenizatória. Um festival de horrores com o dinheiro público, tratado como se não tivesse dono.

Aqui em BH, de tanto enfrentar processos e investigações, a Câmara resolveu extinguir esse modelo alguns anos atrás, mas nem deu tempo de acostumar os vereadores com as novas regras, que agora passam por compras centralizadas da própria Câmara para todos, que já começam a falar em voltar com o velho sistema.

Os defensores do absurdo querem demonstrar “matematicamente” que o novo sistema é mais caro e estaria, por isso, causando prejuízos aos cofres públicos. A conversa não me convence.

Aliás, se a preocupação de alguns, por lá, for o desperdício de verbas públicas, posso oferecer ao menos uma dúzia de recomendações de cortes em despesas nos gabinetes que me garantirão esse ano, mais uma vez, chegar a R$1milhão de economia no meu mandato, simplesmente abrindo mão desses absurdos, como dois carros, verbas de correio e mais de 20 assessores.

Recomendo a cada cidadão de BH que fique atento nas próximas semanas, à medida que se aproxima a eleição da nova direção da Câmara Municipal de BH, que ocorrerá em 12 de dezembro e busque garantir que ninguém se eleja com a promessa de voltar com essa barbaridade com o dinheiro público.

É importante que cada um se lembre que, apesar do fim do processo eleitoral, o desafio de garantir que a política melhore passa, necessariamente, por uma postura de maior vigilância e de opinião forte e cobrança dura sobre cada um desses temas.

A votação do Senado, na última semana, concedendo um aumento de quase 20% aos Ministros do Supremo, com possíveis efeitos cascata em quase todas as carreiras políticas, é um recado definitivo, basta que a população vire o rosto por alguns minutos que os ratos voltam a fazer a festa. Não podemos dar nenhum espaço para eles, pois os velhos políticos perceberam que a festa está acabando e agora querem carregar até os enfeites das mesas…

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