O momento de crise demanda diversas qualidades de quem pretende enfrenta-lo. Na semana passada, eu usava este espaço para falar em resiliência – na necessidade de persistir apesar das adversidades. Mas é preciso também ter firmeza, coragem, princípios. E outro componente importante, porém muitas vezes negligenciado, é a criatividade.
Vamos aos fatos: diante da crise do coronavírus, já instalada por aqui, mas também em todo o mundo, faltam materiais essenciais para o combate que estamos travando. Todos os países, todos os estados e províncias, todas as cidades... todos estão precisando de equipamentos de proteção individual, respiradores e outros materiais.
Na semana passada tivemos notícia, inclusive, de que os EUA – hoje o epicentro da pandemia – fizeram uma grande compra de materiais da China, frustrando contratos e acordos que nosso país e alguns estados já haviam feito.
Mas o que fazer diante disso? Há uma necessidade séria de respiradores, uma oferta severamente escassa e um preço consequentemente altíssimo.
O governador Romeu Zema teve uma ideia. Sem deixar de lado a clara noção de que devemos continuar a buscar oportunidades de compra, coordenou junto à Polícia Militar um esforço para buscar todos os respiradores estragados que há no estado – seja em instituições de saúde públicas ou privadas. Ao mesmo tempo, reuniu empresas e entidades que poderiam disponibilizar a mão de obra de engenheiros neste momento para, no menor tempo possível, consertar estes equipamentos.
A estimativa é de que, com isso, poderemos ter centenas de respiradores inativos voltando a operar no estado. Se não é uma solução final e definitiva para o problema, sem dúvida é uma medida de grande necessidade, que utiliza a criatividade no momento da adversidade e salvará muitas vidas.
Todos nós sabemos de cabeça vários exemplos de autônomos, pequenas empresas ou até de grandes conglomerados que se valeram de soluções criativas para virar a mesa. Talvez seja hora de o poder público também passar a pensar com esta cabeça. Com disposição para enfrentar a crise e criatividade na busca de alternativas, é possível articular órgãos do estado, iniciativa privada e o próprio cidadão na busca de soluções.
Precisa ser assim na crise do coronavírus – e precisa ser assim sempre.