Iguais e livres

12/01/2018 às 23:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:44

Tive um professor de ciência política, na UFMG, que nos primeiros dias de aula nos apresentou o seguinte dilema: se em confronto, o que deve prevalecer, igualdade ou liberdade?

Para conduzir a discussão, ele apresentava um problema. O povo de um país, derrotado em uma guerra, deveria escolher entre ser integralmente escravizado ou remeter metade de seus membros à escravidão e manter metade livre – mas nesse caso deveria indicar o critério de escolha de uns e outros. 

A questão colocada é uma provocação, pois não há liberdade se a escolha foi imposta. Quem é livre tem de ter direito até de não escolher. Mas o que para mim é bastante evidente nesse labirinto teórico é que a igualdade, por si só, não é um valor – mas um engano.

É que o discurso da perseguição da igualdade ou das oportunidades iguais, como um fim em si mesmo, resulta invariavelmente no desestímulo ao progresso, no incentivo à mediocridade e na diminuição da riqueza geral.

Enquanto pregação ideológica, contudo, o discurso da igualdade como valor último é bem recebido, na academia e na rua, porque é recheado de uma crença romântica e infantil de que todos devem ser, ter e viver o mesmo. Não é sem razão que os regimes socialistas são invariavelmente autoritários, pois, ao final, todos devem ser pobres e obedientes. Também não é sem razão que a dominação cultural é parte da agenda dos estatizadores, que defendem que o “Deus-Estado” é o único capaz de prover a todos.

Foi assim na Rússia, em Cuba, na Coreia do Norte, na Venezuela ou na Bolívia. A pregação da igualdade enquanto razão última do ser gera repressão à imprensa livre, agressão às liberdades individuais, supressão do direito à propriedade e, em última análise, ao empobrecimento da população.

É importante refletir, por isso mesmo, sobre essas verdades culturais que foram introjetadas no subconsciente do brasileiro: a proteção das leis trabalhistas, que custa a empregadores e empregados; a estrutura tributária que assalta de forma mais agressiva exatamente os mais pobres; o tabelamento de preços públicos para serviços sempre ineficientes; ou a formação de monopólios legais que só geram alto custo e defasagem tecnológica.

Cada vez que alguém lhe pregar que as estruturas estatais devem aumentar, que a regulamentação deve ser mais forte, que o Estado precisa intervir na economia, respire fundo e lembre quem sempre, invariavelmente, vai pagar por isso: você! Com impostos mais altos, serviços piores e mais caros.

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