O custo dos políticos

17/03/2018 às 20:23.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:55

Poderia escrever mais um texto para falar de corrupção, mas aí o título teria de ser alterado para “o preço dos políticos”… Desta vez queria mesmo falar do custo, o que temos de desembolsar para manter esses príncipes encastelados que são os políticos brasileiros, que levam uma vida que mais ninguém leva, custeada por quem tem de trabalhar quatro meses por ano para pagar impostos.

O assunto me instigou, nos últimos dias, com a divulgação, no Brasil, da estrutura e dos custos dos deputados do cantão de Genebra, na Suíça – uma figura entre um vereador e um deputado estadual brasileiros. Por lá, não há carro oficial, não há auxílio-moradia, não se fala em pencas de assessores, nem em verbas indenizatórias. Aliás, apesar dessa ser a região mais rica do mundo, o salário dos deputados é inferior ao de um mecânico.

O motivo é simples: por lá, política não é profissão. Como não deveria ser em lugar nenhum.

Todos os deputados mantém suas atividades originárias e vivem, em regra, do que ganham com suas profissões, não usando o espaço político para enriquecer, nem para encostar seus amigos. Isso garante não apenas um custo menor, mas um cenário político mais digno, em que as pessoas estão preocupadas em oferecer o melhor e não em ficar no poder a qualquer custo.

Aliás, um dos motivos de eu não ter abandonado minhas atividades regulares (continuo atuando como professor e advogado) é exatamente essa percepção de que políticos que vivem da política tendem a trabalhar para continuar por lá.

As reuniões na Suíça são feitas ao final do dia, de modo a não atrapalhar o trabalho dos deputados; enquanto, por aqui, temos uma câmara municipal que custa R$ 240 milhões/ano, com quase 1.800 empregados, uma assembleia que custa mais de R$ 1 bilhão/ano e um congresso nacional que ultrapassa R$ 10 bilhões/ano. Uma indecência.

Se ao menos o resultado fosse positivo…

Apesar de o governo federal gastar com limpeza o equivalente à contratação de 277 mil empregadas domésticas, de o congresso custar R$ 28 milhões por dia e de só com cafezinho as despesas da câmara dos deputados serem superiores a R$ 700 mil por ano, a verdade é que continuam atrapalhando mais que ajudando.

Como o espaço é praticamente estéril em termos de solução dos problemas verdadeiros – se corroendo em um processo de troca doentia de favores –, os melhores continuam de costas para esse ambiente. Só a retomada da política, da mão dos políticos profissionais, é que pode mudar essa história.

A política brasileira, no final das contas, é o pesadelo democrático: custo alto, ineficiência e atração dos piores e menos preparados. Isso é o que precisa mudar em 2018 – não vamos reeleger ninguém!

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