Há dois anos atrás eu estava com o Governador, em Araxá, quando ele recebeu a notícia do rompimento da barragem. Naquele minuto não era ainda possível compreender a extensão do que havia acabado de ocorrer: o maior desastre humano da história da mineração no Brasil, e um dos mais graves desastres ambientais de que se tem notícias. Já era possível dizer, contudo que Minas Gerais, que carrega a mineração no nome, nunca mais seria a mesma.
Uma batalha judicial que se iniciou apenas poucas horas depois, conduzida pela Advocacia Geral do Estado, a quem logo de juntaram Ministério Público e Defensoria Pública, garantiu, desde então, que as buscas pelas vítimas tivessem início imediato, que o fornecimento de água, os acessos e o atendimento psicológico, de saúde e social fossem imediatamente prestados a todos os atingidos.
Na última semana, um importante capítulo dessa tragédia foi encerrado: a mineradora Vale foi responsabilizada pela reparação ambiental e socioeconômica devida à comunidade atingida e ao estado de Minas Gerais. R$37,7 bilhões serão investidos na recuperação do ambiente natural, na recomposição da fauna e da flora, na reestruturação econômica dos municípios atingidos, na assistência às comunidades, na remodelagem da infraestrutura e na melhoria dos serviços públicos, com geração de mais de 300 mil empregos ao longo de seis anos.
É o maior pacote de reparação da história do Brasil e o segundo maior já visto no mundo.
Não é uma forma de esquecer o que ocorreu, nem de superar as mortes ou a destruição. Isso não seria jamais possível, nem aceitável. É, ao contrário, uma demonstração definitiva de que não admitimos jamais que isso volte a se repetir, responsabilizando quem atua na mineração ou em qualquer setor produtivo de forma a garantir que colocar vidas em risco jamais valerá a pena.
270 vidas foram arrancadas aquele dia, dentre elas, duas mulheres grávidas. 11 joias ainda não foram encontradas, mas as buscas vão continuar até que todos sejam identificados.
A reparação começa agora, mas nós não esqueceremos nunca.