Drogas: um problema de saúde pública

01/09/2017 às 19:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:22

Constantemente lemos nos jornais relatos de familiares desesperados por causa dos problemas gerados por parentes usuários de drogas. Narrativas comoventes como da mãe que aprisionou o filho para coibí-lo de usar droga, de pais que denunciaram o próprio filho, porque não conseguem conviver com sua violência. Sob o domínio das drogas, muitos usuários arrastam seus dramas para dentro de casa e acabam levando familiares a uma co-dependência emocional.

No último domingo, esta questão ficou ainda mais evidente para mim, com uma reportagem na TV, que me deixou muito comovido. Mostrou o drama de algumas famílias ao lidarem com parentes usuários de drogas e o quanto é importante o envolvimento familiar na busca de recuperação para os dependentes. Mas o fato que mais me chamou a atenção é que o maior envolvimento familiar ocorre por parte da mãe. Segundo estatísticas do IBGE, cerca de 28 milhões de pessoas vivem hoje no Brasil com um usuário de droga em casa e entre os familiares que buscam ajuda, 80% são as mães.

Na matéria, uma das mães confessou que chegou a procurar o traficante e acertava a dívida com ele para não repassar a droga para o filho. Também comentou-se que muitas mães abandonam as atividades, são demitidas ou têm a produtividade reduzida em função de atrasos constantes ou de problemas de saúde. Problemas acarretados pela extrema dedicação aos filhos dependentes.

Com relação ao envolvimento dos pais e demais familiares na busca de solução, os impactos financeiros também são grandes, porque muitas famílias tem que arcar inteiramente com o tratamento dos dependentes. Mas milhares de famílias não têm a menor condição de bancar os tratamentos, que são muito caros. Segundo especialistas, o uso abusivo de drogas pode ser considerado um problema de saúde pública, por acarretar ônus ao sujeito, à família e à sociedade, na forma de repetência na escola, perda de emprego, rupturas familiares e violência, crimes, acidentes e encarceramentos.
Por isso, o poder público precisa se mobilizar. Minha contribuição vem por meio da Lei 10.0839/15, de 28 de agosto de 2015, originária do meu Projeto de Lei 975/14, que institui em todas as Regionais de Belo Horizonte o Núcleo de Apoio e Prevenção ao Crack e outras drogas - Mães contra o Crack. Mas ela não está sendo ainda cumprida. Precisamos reivindicar sua aplicabilidade urgente, porque a prevenção e recuperação de dependentes deve ser um trabalho integrado entre os órgãos públicos, a sociedade e a família.

  

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