Grandeza humana com os deficientes

01/06/2018 às 20:50.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:23

 No dia 22 de maio participei de uma importante manifestação na porta da Prefeitura, quando pessoas portadoras de deficiência física protestavam contra o edital publicado pelo Executivo, no dia 14 de abril, que seleciona pessoas com alguma deficiência para trabalhar como camelô nas ruas de Belo Horizonte. O edital realmente não favorece o grupo, porque contém exigências difíceis de serem cumpridas para aqueles que têm dificuldade de mobilidade. Dentre as regras do edital, é proibido que o licenciado trabalhe com preposto e utilize carrinho, banca ou outro equipamento que ocupe o logradouro público. Como pessoas em cadeiras de roda, cegas, com próteses podem ficar sozinhas? Elas precisam sair para almoçar, resolver alguma pendência imediata ou até mesmo ir a um banheiro, como ficará a mercadoria, se não pode ter uma pessoa para auxiliar? Outro aspecto que tem que ser pensado: e se não podem utilizar bancas, como vão carregar mercadorias no colo, em uma mesinha de no máximo 30 centímetros. Com isso, ficarão restritos a vender pequenas mercadorias como balas, pipocas e outras. O edital disponibiliza apenas 96 vagas para as pessoas com deficiência em 48 pontos da capital, sendo 43 deles no hipercentro, dois no Barreiro e três em Venda Nova. Segundo líderes do movimento, só no centro de Belo Horizonte são quase 300 deficientes trabalhando como ambulantes e, então, como será o critério de distribuição das vagas? E como ficará a situação daqueles que não forem selecionados? Outro ponto do edital que está gerando muita revolta é que se a pessoa que receber a licença for aposentada, perderá o benefício. Por que esta decisão, se muita gente precisa continuar trabalhando para complementar a renda? Como podemos perceber, são muitas interrogações e em uma análise da situação, podemos dizer que em determinadas situações é preciso bom senso e uma boa dose de respeito aos direitos humanos. As pessoas com deficiência física merecem todas as oportunidades como toda a população. Elas também têm o direito de trabalhar, de lutar para sua sustentação e da família e portanto, devem receber um tratamento levando em consideração suas diferenças e necessidades. Sabemos que muitos precisam superar muitas dificuldades para poder trabalhar e de garantir sua sobrevivência com o trabalho sério e honesto. Portanto, a Prefeitura de Belo Horizonte precisa rever este edital, repensar seu tratamento em relação às pessoas com deficiência física. É uma questão de respeito e de grandeza humana.  

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