Conclusão da barragem de Congonhas: mais água para o Norte de Minas

15/12/2017 às 14:54.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:16

A crise hídrica é uma triste realidade em muitas cidades brasileiras e preocupa tanto a população quanto os governos nas esferas municipal, estadual e federal. No caso de Minas Gerais, o Norte do Estado vem amargando terrivelmente esse problema. Na intenção de dar respostas mais eficazes aos seus habitantes e, de fato, pôr um fim em métodos arcaicos e paliativos (carros-pipa, poços artesianos e tubos), criamos, em junho de 2017, em conjunto com outros parlamentares do Norte de Minas e do Nordeste, a Comissão Externa da Crise Hídrica, da qual sou coordenadora.

Nesses seis meses de muito trabalho, realizamos várias audiências públicas, visitas externas para avaliar os níveis dos reservatórios e das barragens, e definimos estratégias para amenizar os transtornos da crise hídrica que já bateu à nossa porta.

Recentemente, estivemos no município de Montes Claros e visitamos a barragem de Juramento. Percebemos que as chuvas na região não estão sendo suficientes e o reservatório precisa de um reforço. Estamos certos de que a barragem de Congonhas tem todas as condições para resolver o problema de Montes Claros e de outros municípios vizinhos. Segundo a própria Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Promotoria de Meio Ambiente daquela municipalidade, a obra garantiria o abastecimento pelos próximos 50 anos.

O projeto para execução da barragem de Congonhas, uma das três barragens estruturantes da revitalização do São Francisco, já foi licitado três vezes e retirado do orçamento. Sua retomada significa garantir a segurança hídrica do Norte de Minas.

No entanto, não podemos perder o foco de algumas medidas emergenciais que havíamos definido, entre elas a adutora do Pacuí, que fica pronta em agosto de 2018. De acordo com a Copasa, é a forma mais viável de captação de água para Montes Claros, que já sofre com o rodízio no abastecimento.

Temos também o projeto Jequitaí em andamento. As obras começam nos próximos meses. Outra empreitada que ajudará muito na normalização do abastecimento de água em Montes Claros é a construção da barragem do Berizal, que também já foi iniciada. Quando estiver concluída, vai atender à região do rio Pardo.

Há poucos dias, realizamos em Brasília a nona reunião da mencionada comissão. Chegou-se ao consenso de que realmente a conclusão da barragem de Congonhas é uma das medidas imediatas para conter a crise hídrica no Norte de Minas Gerais. Após sua conclusão, beneficiará 500 mil mineiros em 89 municípios.

Em 2018, estaremos presentes no Fórum Mundial das Águas, a ser realizado em Brasília. Estou esperançosa para que consigamos sensibilizar os bancos internacionais com relação à crise hídrica em Minas Gerais, pois existem locais que já estão em desertificação. Além disso, abordaremos a situação da cidade de Mariana, que há dois anos teve suas águas contaminadas e inúmeras famílias ainda estão à míngua.

Sabemos que o São Francisco, o nosso Velho Chico, está morrendo e há trechos em que é possível atravessar de uma margem a outra a pé. Ações simples como fechar a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes e não jogar lixo ou resíduos químicos nos rios podem fazer toda a diferença e garantir sua perenidade.

Atualmente, a principal fonte de captação de água para abastecimento de Montes Claros é a barragem de Juramento, que está com 26% de sua capacidade, o que é muito pouco. Segundo ainda a Copasa, são necessários 885 litros por segundo para que o município saia do colapso, mas hoje capta-se apenas 370 litros por segundo naquele reservatório, podendo baixar para 250 litros.

Não há saída. A barragem de Congonhas é a solução, pois, segundo o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), teria capacidade para armazenar 600 milhões de metros cúbicos de água e estaríamos livres de ameaças hídricas.

Mas não podemos nos esquecer: a questão da crise hídrica tem jeito e ela depende de cada um de nós.

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