Fones de ouvido: entretenimento ou ameaça?

24/11/2017 às 21:57.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:53

A tecnologia mudou muito a vida das pessoas em inúmeras áreas. Uma dessas mudanças significativas vem acontecendo no mercado de entretenimento e, em especial, entre o público mais jovem.

A forma como nos comunicamos, o jeito de consumir conteúdo, o compartilhamento de histórias diárias e, claro, a forma como ouvimos músicas e assistimos filmes. A velocidade com que as informações circulam pelo mundo, atualmente, é impressionante. Há pouco mais de cinco anos, era praticamente impossível imaginar que uma música pudesse vazar para milhões de pessoas, simultaneamente, antes de seu lançamento oficial.

Com isso, o público define o que quer ouvir ou assistir, e a hora que bem entender. Essa comodidade toda tem despertado maior interesse pela conectividade por um período de tempo cada vez maior. Na intenção de não incomodar as demais pessoas que estão ao seu redor, muitos jovens e adolescentes, principalmente, se utilizam de fones de ouvidos, o que em primeira análise pode até parecer uma prática cidadã e educada.

No entanto, o fato é que tais práticas têm proporcionado alguns transtornos comportamentais e de saúde. Os problemas vão desde a adoção de um estilo cada vez mais individualista e menos inter-relacional até o comprometimento da audição, haja vista que muitos jovens não se contêm em ouvir suas músicas, vídeos ou filmes preferidos com volume moderado.

O alerta foi feito pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. Segundo a entidade, já há perda na audição por causa do volume muito alto dos fones de ouvido, e em alguns casos a situação chega a ser irreversível. O próprio Código de Trânsito Brasileiro também proíbe que o ciclista e o condutor de veículo trafeguem conectados ao fone de ouvido, por colocar em risco a atenção e a coordenação motora.

As estatísticas de trânsito comprovam que inúmeros pedestres já sofreram acidentes, inclusive fatais, simplesmente porque estavam conectados ao fone de ouvido quando deveriam estar atentos aos sons externos das ruas.

Uma dica simples, mas eficaz, é o monitoramento do volume desses aparelhos. Se o ouvinte estiver a um metro da pessoa e ouvir o que ela está escutando ou assistindo, provavelmente a pessoa que tiver com o aparelho, terá uma perda de audição gradativa e silenciosa ao longo dos anos. De acordo com especialistas, a essa distância não se deve ouvir nada do que vem dos fones de ouvido.

Não há orientação melhor do que baixar o volume. Já houve uma proposta de projeto de lei no Congresso Nacional para que esses equipamentos tenham controle máximo de volume reduzido, mas ele não foi aprovado.

A questão é relevante e ao mesmo tempo preocupante. Para se ter ideia da gravidade do tema, no dia 10 de novembro é comemorado o Dia da Prevenção e Combate à Surdez. Nessa data acontece a Campanha Nacional de Saúde Auditiva, que tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da saúde auditiva. O próprio Conselho Federal de Fonoaudiologia afirma que o uso do aparelho auditivo não previne a progressão da perda de audição, apenas estagna, mas não melhora.
O problema é atual e foi tema da redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano – “Desafios para a Formação Educacional de Surdos no Brasil”. No caso do estudante, por exemplo, depois que ele fica surdo, é mais difícil incluí-lo em sala de aula do que um que tenha deficiência física.

Assim, utilizemos os fones de ouvido de maneira correta, obedecendo às orientações dos especialistas para que eles não se tornem uma ameaça, quando deveriam ser apenas objetos de descontração e entretenimento.
Cuidemos da nossa saúde!

 

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