Análise, sobretudo análise

09/07/2021 às 14:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:22

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego no país, entre fevereiro e abril, se manteve no nível recorde de 14,7%. No mesmo período do ano passado, quando o coronavírus registrou suas primeiras vítimas por aqui, ela era de 12,6%.

Em números absolutos, havia 14,8 milhões de pessoas em busca de trabalho entre o segundo e o quarto mês deste ano, quase 2 milhões a mais em relação a fevereiro-abril de 2020.

É importante, porém, que esse alto índice seja analisado, dissecado, sob algumas variáveis. Eis a pergunta que não quer calar: no Brasil, 14,8 milhões de pessoas estão, realmente, em busca de trabalho? Para começar, o número gigantesco soa paradoxal quando percebemos que determinados segmentos, entre eles o de alimentação fora do lar, têm dificuldades de encontrar mão de obra. Se a taxa de desempregados é grande, aonde está parte considerável dessa população sem trabalho, que não busca as vagas que abrimos?

Vale destacar também que muitos dos profissionais que perderam seus postos de trabalho, com carteira assinada, por causa da pandemia, encontraram no empreendedorismo uma forma de sobrevivência. Prova disso é que Dados do Portal do Empreendedor de 2020 mostram que em março, período de início das restrições impostas pela crise sanitária e seus desdobramentos na economia, o Brasil contava com 9.818.993 de MEI’s registrados. Em dezembro de 2020, as estatísticas apontam 11.316.853, crescimento de 13,23%. No total, foram 1,49 milhão de novas formalizações no intervalo acima citado, o maior aumento da nossa história.

Por fim, quero chamar atenção ainda para uma parcela, acredito considerável da população, que, infelizmente, se contentou com os benefícios sociais concedidos pelo governo durante a crise econômica e passou a recusar opções de trabalho e renda. Essa cultura do assistencialismo, já difundida há anos em nosso país, ao mesmo tempo que socorre quem está na extrema pobreza, contribui também para que um grupo, com reais condições de produzir, se satisfaça apenas com aquilo que é dado e, assim, prefira postergar a busca por emprego ao passo que entram na contabilização dos quase 15 milhões de desempregados.

Que fique bem claro: é óbvio que nem todos os trabalhadores que estão sem ocupação se ancoram no assistencialismo e decidem fazer dele uma profissão, mas não podemos ignorar a parcela que assim age.

Por isso, falar em 14,8 milhões de desempregados exige, sobretudo, uma postura analítica de todos nós: quantos desses 14,8 milhões estão sem emprego, mas vivem recusando propostas pois preferem a Bolsa Família? Quantos encontraram no empreendedorismo um oásis e não pretendem voltar para o regime CLT? O número precisa ser dissecado para que cheguemos ao valor real e preciso.

  

  

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