Notícia ácida

19/11/2020 às 20:35.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:06

Começo o texto de hoje com uma notícia tão ácida quanto muitos vinhos: O preço dessas bebidas importadas em Minas Gerais pode ter um aumento de ao menos 16,5% em 2021. Isso deve acontecer em função de uma elevação no valor de tributos que os importadores devem pagar ao Estado, anunciada pelo Governo de Minas no início deste mês.O decreto 48.075/2020 determina que a MVA (Margem de Valor Agregado), que funciona como base de cálculo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de alguns produtos, salte de 62,26% para 129%, a partir de fevereiro do próximo ano.  Entre as bebidas afetadas estão os vinhos chilenos, argentinos e portugueses, opções recorrentes dos brasileiros na hora da compra. A título de comparação, a garrafa de R$ 30 passará a custar R$ 34,95. O aumento será acima da meta da inflação, que é de 4% para 2020. Esse fato nada agradável traz um retrocesso na importante conquista reivindicada pela Abrasel durante a última gestão do governo estadual, quando conseguimos a redução de 50% na MVA. Agora, o reajuste, sem dúvida, irá influenciar no preço das bebidas, o que impacta negativamente na competividade do produto em comparação a outros estados, além de minguar o consumo, que nos últimos tempos registrou um crescimento, mesmo que modesto. Também é importante destacar que a alta da alíquota não é nada auspiciosa para o segmento de bares e restaurantes, que que só nestes últimos oito meses foi dizimado em mais de 30%. Portanto agora, definitivamente, não é o momento de termos custos onerosos na compra de quaisquer produtos do nosso estoque.Ao assistir mais esse imbróglio que se desenrola, sou tomado por  alguns questionamentos: o governo do Estado está aumentando o imposto do vinho importado apenas para buscar arrecadação ou quer fomentar o consumo do vinho genuinamente mineiro?  Por que, ao invés de reajustar o imposto, que tal caminhar na contramão, ou seja, reduzir os tributos e incentivar o consumo dos nossos próprios produtos, feitos aqui, de modo que possam ganhar competitividade melhor no mercado? Vinícolas de qualidade temos aos montes no Estado: cidades no Sul de Minas, como Andradas, além de regiões como a Serra da Mantiqueira e o Vale do São Francisco têm uma produção local que vem se despontando de forma singular, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Muitos produtores, inclusive, faturam prêmios mundo afora com rótulos de sabor e qualidade inquestionáveis. Optar por essa rota alternativa, mas igualmente promissora, pode ser uma saída. Estaríamos, ao mesmo tempo, difundindo o que é nosso e gerando divisas para a economia. E aí, qual será o caminho: tomar vinho importado mais caro, optar pelo mineiro ou abrir mão dessa bebida na mesa? 

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