Três séculos de tesouros incontáveis

16/07/2020 às 19:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:03

Quem diria que o território desbravado pelos bandeirantes na busca por ouro e pedras preciosas, naquele longínquo século XVII, se transformaria, hoje, no segundo estado mais populoso do Brasil, com mais de 21 milhões de habitantes?  Quem diria que da nossa terra sairiam políticos como Juscelino Kubitschek e escritores consagrados como Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Guimarães Rosa, Fernando Sabino, entre tantos outros cujos talentos extrapolaram fronteiras, sendo reconhecidos em todo o mundo?

Quem diria que a nossa terra seria o berço de uma gastronomia que, mesmo repaginada com o passar dos séculos, conseguiu-se manter única, singular, com personalidade e incrivelmente saborosa? Elementos esses que a fizeram ganhar fama e encantar comensais mundo afora.

Esses exemplos são apenas alguns entre vários que eu poderia usar para ilustrar a diversidade cultural, gastronômica, literária e artística de Minas Gerais, que ontem, 16 de julho, celebrou um marco histórico. Exatamente nessa mesma data, há 324 anos, a região onde hoje está a cidade de Mariana recebeu a chegada da bandeira chefiada pelo Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça. Naquela época, o grupo se instalou às margens de um ribeirão, que recebeu o nome de Carmo, já que aquele dia era dedicado à Nossa Senhora do Carmo. E o local, por ser abundante em ouro, tornou-se ponto de início da mineração.

Neste ano, a data de ontem também serve como pontapé inicial das comemorações dos 300 anos de Minas Gerais, que em 2 de dezembro de 1720 passou a ser reconhecido, do ponto de vista político e administrativo, como Estado após a capitania da qual fazia parte [Capitania de São Paulo e Minas do Ouro] ser desmembrada da Coroa Portuguesa.

Temos muito o que comemorar por estes três séculos de vida. Gostaríamos de fazer isso com toda pujança que o momento merece. Desde o início de 2020, inclusive, instituições como Senac, Frente da Gastronomia Mineira (FMG), Abrasel-MG, Belotur e Governo do Estado já tinham se programado para uma celebração a altura, que infelizmente não foi possível por conta da pandemia.

Entretanto, apesar da crise político-econômica-sanitária que estamos vivendo hoje, não vou deixar de registrar aqui o meu orgulho por ser filho dessa terra. Nós, mineiros, temos garra em nosso sangue. A história prova isso. Estamos sofrendo? Sim. A dor tem sido inevitável e as perdas incalculáveis.

Mas acredito que as minas gerais das serras e montanhas, das cachoeiras, da boa cozinha, dessa gente que labuta sem medo, irá sobreviver e se reerguer. Além de brasileiros, somos mineiros. Mineiros inconfidentes, que não se conformam com as injustiças e sempre acreditam em um novo amanhã. Por mais sombrio que seja o dia de hoje, ele (o amanhã) há de chegar. Juntos somos mais fortes.

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