Afinal de contas, o que significa ser feliz?

14/01/2021 às 08:02.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:55

Muitas pessoas dizem que felicidade não existe; o que existe são momentos felizes. Outras se dizem felizes o tempo inteiro, e ainda outras não sabem ao certo o que sentem, pois são vulneráveis aos acontecimentos: se a situação for favorável, se sentem muito alegres; se há frustração, se sentem péssimas.

Mas, afinal de contas, o que significa essa tal felicidade, tão almejada?

Para analisarmos melhor essa questão, é importante pontuar a diferença entre alegria e felicidade. A alegria é um fenômeno que ocorre “para fora”, por isso onseguimos percebê-la com mais facilidade. Tem a ver com euforia, comemoração, risadas, vibração. É algo que pode ocorrer mesmo quando o indivíduo
está infeliz. Já diz o ditado: “por fora bela viola, por dentro, pão bolorento”.

Já a felicidade é um sentimento que ocorre “para dentro”. Tem a ver com satisfação, contentamento, bem-estar, plenitude. É algo que acontece no mundo interior e diz respeito a um estado profundo de paz, tranquilidade e serenidade. Portanto, é totalmente possível alguém estar com o semblante fechado ao mesmo tempo que degusta uma enorme sensação de felicidade.

É importante pontuar que costumamos associar felicidade ao dinheiro, mas isso não é verdade. Claro que, sem recurso, não conseguimos ser felizes, mas tê-lo em demasia não nos garante nada. Um famoso estudo feito em 1978 divulgado pelo Jornal of Personalityand Social Psychology comparou os níveis defelicidade de pessoas comuns com os de ganhadores na loteria do ano anterior. A conclusão foi surpreendente. Os pesquisadores descobriram que os níveis eram praticamente idênticos. A alegria era intensa num primeiro momento, porém não tinha durabilidade. Logo em seguida começavam os problemas.

Penso que para alcançarmos a felicidade é preciso três condições fundamentais.

A primeira tem a ver com a forma de ver a vida. Pessoas mais resignadas tendem a ser mais felizes. Resignar não significa deixar de ir à luta. Ao contrário. Significa lutar pelo que é possível e aceitar (sem revolta) frustrações inerentes à vida. Aqueles que são menos resignados, portanto mais inconformados com isso, costumam desenvolver um estado silencioso de revolta, que acaba culminando numa espécie de angústia.

A segunda é dispor de condições para viver o mais longe possível do desconforto físico, mental e material, e conseguir desfrutar da paz. Mas é interessante perceber que muitos, ao chegar nesse estágio de “calmaria”, se entediam e tratam logo de arrumar um jeito de estragar o equilíbrio. A paz tão buscada é, muitas vezes, insuportável quando alcançada. Quando parece que está tudo em ordem, o indivíduo vai lá e sabota alguma coisa para atenuar a sensação de tédio que a tranquilidade traz.

E a terceira questão que contribui para a felicidade é conseguir desfrutar o máximo possível de momentos particularmente agradáveis, que muitas vezestêm a ver com prazeres simples da vida, como um encontro entre pessoas queridas, a leitura de um livro interessante, filmes, a prática de um esporte favorito, passeio por determinados lugares, um momento de aconchego do par afetivo. Coisas simples, mas grande promotoras de prazer.

A filosofia de Aristóteles nos lembra que a felicidade só existe por meio das nossas virtudes: o ser humano só é feliz se desenvolver o melhor que tem dentro de si.

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