Entre a nostalgia e a ansiedade

14/02/2018 às 14:32.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:21

Estudos apontam que passamos 70% do nosso tempo no passado, 25% no futuro e apenas 5% no momento presente. Isso explica o grande numero de pessoas melancólicas vivendo de lembranças ou ansiosas preocupadas com aquilo que ainda virá.

É assustador pensar que desperdiçamos o momento presente para vive-lo mais tarde em forma de lembrança. E isso acontece de maneira tão natural que quase não percebemos. Um bom exemplo disso é acreditar que antigamente as coisas eram melhores. Falas do tipo: “na minha época as pessoas eram românticas, as músicas tinham mais poesias, a vida era mais fácil. Não existia celular por isso as pessoas se olhavam nos olhos, brincavam na rua pois não havia essa violência de hoje em dia. Ah! Na minha época...”

Comparações dessa natureza, acabam exaltando de forma exagerada o passado, que se melhor analisado, nem era tão formidável assim. O que se tinha era mais vigor físico, mais tolerância, mais ilusão, menos responsabilidade e menos estresse, e isso sim, eram ótimos ingredientes para tornar o momento agradável.

Somando a isso, as ocorrências de dez, quinze, vinte anos atrás contam com um distanciamento emocional suficiente para que as lembranças negativas sejam minimizadas e abram espaço para reedição de novas emoções. Isso faz com que o passado pareça melhor do que foi.

Outro ponto a ser considerado é que quando lembramos do que já ocorreu, sabemos o início, meio e fim dos acontecimentos. Detemos o conhecimento da história em sua totalidade, seja ela trágica ou cômica. Não há surpresas. O fato de não existir um horizonte desconhecido ou um acaso inesperado, dá uma sensação de conforto. Já o presente é cheio de imprevistos e inseguranças, o que gera um incômodo.

A nostalgia é muito comum em pessoas deprimidas. Elas fixam o pensamento em lembranças saudosistas julgando praticamente impossível alcançar aquele nível de felicidade novamente. Comportamento parecido ocorre com algumas pessoas que já tiveram notoriedade profissional e perderam o prestígio ou saíram do mercado de trabalho. A insatisfação com a posição atual atrelada a idéia de um futuro pouco promissor, faz com que essas pessoas lancem mão de um mecanismo de defesa que as faça fugir da realidade. Vivem exclusivamente das lembranças glamourosas de uma vida que já não existe mais. Com isso tornam-se monotemáticas e repetitivas referenciando o passado. Quem ouve, já não suporta mais as mesmas histórias.

Do lado oposto temos as pessoas que vivem no futuro. Sua vida é permeada pelo “quando”: quando meu filho formar, quando eu casar, quando conseguir um emprego melhor. Vinculam a felicidade para “quando” acontecer algo. Porém essa hora nunca chega pois sempre aparecerá uma nova demanda futura adiando e boicotando o momento presente.

Viver preso ao passado ou preocupado com o futuro é um desperdício com o agora, o único momento real que temos.

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