1- Você escreveu semana passada sobre ajuda x interferência. Como faço para ajudar sem interferir na vida da pessoa?
Ouvindo com atenção, sem interrupção, não impondo seu ponto de vista, se colocando à disposição e evitando críticas, conselhos não solicitados e futurologia da negatividade (“isso não vai dar certo”). Ajude sem interferir. A ajuda é uma das coisas mais sublimes da vida, mas a interferência é uma das mais desagradáveis.
2- Como controlar minha reatividade?
É importante ressaltar que a reatividade é um mecanismo de defesa que deriva do medo. O reativo é um medroso que, por insegurança, ataca para se defender. Livrar-se desse comportamento requer tomada de consciência seguida de muito trabalho e vontade de evoluir. Um processo possível para os humildes de coração e muito difícil para aqueles que já se acham muito bons.
3- Acho que gosto de sofrer, pois só me envolvo com as pessoas erradas. Como fazer?
Algumas pessoas, movidas por desafios, sentem-se atraídas pela conquista, sobretudo as difíceis. Querem extrapolar o nível máximo da competição: atingir o inatingível, mudar o imutável, chegar aonde ninguém chegou. A vitória que decorre desse empenho é praticamente uma necessidade de chancelar sua valorização pessoal. Muitas vezes, o interesse se intensifica quando encontra o desprezo. O desdém alheio estimula o desafio porque é entendido como uma afronta ao ego: “como alguém ousa não gostar de mim”? Nessa hora, a conquista vira uma questão de honra. O desafio vira uma questão de honra, e o amor vem em segundo plano. O sofrimento é certeiro.
4- Por que o perfeccionismo acomete algumas pessoas tão intensamente?
Perfeccionismo é uma tendência de certas pessoas, geralmente muito talentosas, de buscarem a perfeição em tudo que fazem. Elas exigem de si um resultado tão espetacular, impecável e sem erro, que acabam ficando paralisadas em suas atividades. Travam e adiam ao máximo o que precisam fazer. Isso ocorre pois não há prazer na execução de uma tarefa, pois o compromisso com a perfeição, atrelado ao pavor de errar, torna toda atividade muito penosa. Não há leveza, só rigor. O clima é sempre de angústia, tensão e ansiedade. Geralmente, são indivíduos extremamente rígidos consigo mesmos, com um nível de autocrítica elevada e uma alta capacidade punitiva em caso de erro. Toleram mal a frustração, pois interpretam o erro como um fracasso ou incompetência. São sofredores constantes. Não relaxam nunca.
5- Como conhecer uma pessoa de ego inflado?
A palavra “ego”, nesse caso, é usada para se referir à importância demasiada que uma pessoa dá a si mesma. Um narcisismo. Alguns comportamentos o revelam:
- Se sente sempre certo, mesmo estando errado. É difícil admitir o erro pois o perfeito não erra;
- Vê como descaso quando é tratado como uma pessoa “comum”. Gosta de deferência;
- É competitivo e tem pavor de pensar que está em desvantagem. Trata o outro como adversário;
- É melindroso. É preciso pisar em ovos para não magoá-lo;
- Pela vaidade, tem dificuldade de rir de si mesmo. Mas, curiosamente, gosta muito de rir dos outros. Devido à própria menos valia, expõe a fragilidade dos outros;
- Tem dificuldade em pedir perdão. Sente também grande dificuldade em perdoar, pois acha um insulto errarem com ele;
- Fica visivelmente satisfeito quando é bajulado