1 - O que define uma relação tóxica?
Em termos gerais, é quando a dinâmica do casal é baseada na desigualdade, medo, insegurança e submissão. Alguns exemplos: modelo de relação não é linear, e sim hierárquico onde um manda e ao outro cabe obedecer. Duplo padrão comportamental e moral onde um se permite a determinados comportamentos, mas pune o outro pelos mesmos motivos que pratica. Quando a vontade de um é suprimida e a do outro é exercida. Torturas psicológicas e silenciosas embaladas de amor. Desmerecimentos e críticas. Projeção de comportamento (culpar o outro por aquilo que é, exemplo: egoísta que atribui o egoísmo ao outro, ou ciumento que culpa o outro de sentir ciúmes). Mentiras. Incapacidade em assumir os próprios erros e ainda responsabilizar o outro por isso. Esses e outros comportamentos dão o tom do abuso.
É importante ressaltar que num relacionamento doentio é comum os papeis de vitima e algoz se revezarem, fazendo com que o relacionamento seja um canibalismo mútuo.
2 - Toda relação abusiva tem a presença da psicopatia?
Psicopatia, exatamente, não. Mas há a presença de algum transtorno de personalidade onde o narcisismo, egoísmo e vaidade são acentuados, fazendo com que só seus interesses sejam considerados.
3 - Faço várias coisas erradas, me convencendo de que aquilo não é tão errado assim. Exemplo: sou hipertenso e não largo o sal.
Existe na psicologia um mecanismo de defesa chamado de “racionalização”. Trata-se da atenuação da verdade através de uma explicação lógica que conforta a ansiedade e nos autoriza a cometer determinados "crimes". Uma espécie de fuga de si mesmo para não ter que se deparar com a realidade. Um exemplo é alguém que promete parar de fumar, mas não consegue manter sua promessa. A partir daí, passa a contar uma bonita história da avó que fumou até 98 anos e nunca apresentou nenhum problema pulmonar. O apoio dessa verdade parcial alivia a obrigação da responsabilidade. Esse autoengano é uma permissão para o prazer e um veneno para autoestima.
4- Como é possível saber se somos realmente felizes?
Para responder essa questão, é importante estabelecer a diferença entre felicidade e alegria. O contrário de feliz é infeliz e de alegre é triste. A felicidade é um sentimento que ocorre para “dentro” e tem a ver com satisfação, contentamento. É algo que acontece no mundo individual interior e diz respeito a um estado profundo de paz, tranquilidade e serenidade. Portanto, é possível alguém estar com o semblante fechado mas degustar grande sensação de felicidade. Já a alegria é diferente, é um fenômeno que ocorre para “fora”, por isso conseguimos percebê-la com facilidade. A alegria tem a ver com euforia, extroversão, comemoração. É algo que pode ocorrer mesmo quando o indivíduo está infeliz. Um bom exemplo são os retratos que nem sempre retratam a realidade.