Mentiras sinceras

04/03/2021 às 07:17.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:19

Crescemos ouvindo que o pior cego é aquele que não quer ver. Mas não “querer” ver não significa necessariamente que a pessoa o fez por opção. Muitas vezes, agimos de forma inconsciente, ou na negação, ou por medo. Mentimos para nós mesmos na tentativa de evitar encarar a realidade e resolver situações que julgamos difíceis.

Maspor que somos tão omissos com nosso próprio bem-estar? Primeiro porque fomos mais treinados para ter medo do que para ter coragem. Mesmo os nossos queridos pais, tentando nos ensinar, podem ter deixado fagulhas de medo que nos freiam frente aos desafios. Alem disso, sabemos como é mais fácil permanecer na “zona de conforto” – que de confortável não tem nada, é apenas uma zona conhecida.

E como saber se estamos mentindo para nós mesmos se isso nem sempre é uma escolha consciente? Podemos perceber isso por meio de algumas falas que eu chamo de mentiras sinceras.Por exemplo:

“No fundo é uma boa pessoa”
Geralmente usamos essa frase para atenuar uma atitude reprovável de alguém. Não nos cabe avaliar a conduta alheia, mas é importante ter em mente que a dificuldade em aceitar a realidade é tão prejudicial quanto o julgamento.


“As coisas não estão tão ruins assim”
Como se precisasse ficar insustentável para mudar. De forma inconsciente buscamos comparações com pessoas que estão em condições piores que a nossa e assim nos convencemos de que estamos bem, mesmo estando mal.

“O momento não é propício para mudanças”
Não existe o momento perfeito para parar de fumar, para fazer dieta, para mudar de emprego, etc. O momento ideal é criado quando desejamos realmente algo e enfrentamos nossa preguiça e nossos medos. Há um provérbio chinês que diz: “o melhor momento para plantar uma árvore foi há 20 anos. O segundo melhor é agora”.

“Só estou esperando ‘isso’ acontecer para tomar uma decisão”
Vincularnos a mudança a algoexterno (“quandoeuemagrecer”, “quando eu ganhar mais”, “quando tiver formado”) pode ser uma forma de procrastinar. As verdadeiras motivações são sempre internas e parcialmente desvinculadas dos acontecimentos externos.

Como vou viver sem “isso”?
Quando não queremos desapegar de algo, atribuímos uma importância maior do que é na realidade. De uma maneira geral, quando a dor passa, vem a conclusão de que o beneficio foi bem maior que o sacrifício. Sempre é!

“Tenho preguiça de começar do zero”
Portrásdessa ideia há opensamentodeque prefiro o sofrimento à possibilidade de me livrar dele. Alem disso, numa analise mais profunda, não existe estaca zero paraquem está caminhando. Sempre levaremos conosco a vantagem da experiência.

“Só não faço ‘isso’ porque não tenho tempo”
Geralmente a falta de tempo é a mentira mais esfarrapada que falamos. Não convence ninguém, nem a nós mesmos.

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