O ano mais diferente da história

17/12/2020 às 06:15.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:19

Final do ano é uma época em que muitos param para fazer uma reflexão, uma especial de balanço de suas vidas. Mas esse ano o balanço é um pouco diferente. Vivemos algo jamais ocorrido nessa geração.

Muitas pessoas gostaram das oportunidades que tiveram. Outras se reinventaram e outras sofreram drasticamente com o impacto negativo que a pandemia trouxe, desde perda de emprego até de entes queridos.

O fato é que a vida nos colocou à frente o seu maior princípio: o da impermanência. Todos saímos da famosa zona de conforto na qual estávamos rotineiramente instalados. E quando nos referimos a “conforto”, isso não quer dizer que era de bom, mas sim, um lugar conhecido, não necessariamente confortável.

Aliás, é importante ressaltar que muitas vezes nossas zonas de conforto são lugares péssimos. Mas, portemer a mudança (o desconhecido), optamos por ficar onde estamos. Não paramos para pensar que temos dois tipos de dores nessa vida: as inevitáveis, como morte, doenças, tragédias, pandemia; e as evitáveis, como casamentos ruins, amizades falsas, empregos abusivos. Conseguir lidar bem com as situações inevitáveis da vida é grande demonstração de força. Já suportar dor que poderia ser modificada caracteriza fraqueza emocional.

O interessante é que quando estamos dentro de uma dor evitável, costumamos nos municiar de justificativas para nos manter ali, parados. E os motivos geralmente são emocionais:

Medo: internamente pode existir um receio de que a mudança venha trazer uma condição de dor maior. Com isso, por medo de senti-la, optamos por continuar onde estamos, pois, de certa forma, já nos habituamos àquele sofrimento.

Preguiça: geralmente está associado a uma anedonia (falta de prazer, combustível para mudança). Há uma tendência à inércia pois dessa forma não é preciso muito esforço, alteração, favores, solicitação, e tudo que decorre de uma mudança.

Soberba: evitação à aprendizagem atrelada a uma sensação de que sabe-se tudo e que não há nada mais para melhorar. Nesse caso, mesmo estando ruim, o indivíduo, por arrogância, se convence de que já conhece todos os caminhos e que não há nada melhor do que onde ele está.

Incapacidade de antever: muitos não mudam porque não conseguem prever a vantagem que deriva dessa mudança. Curiosamente, desenvolvem um olhar mais pessimista, o que faz acreditar que a mudança será desastrosa. Uma lástima! Geralmente é sempre melhor.

Esse ano, de tão atípico, não tivemos opção. Tivemos que suportar uma grande dor inevitável, mudar hábitos e alterar comportamentos. O que ganhamos com isso? Só perceberam ganhos aqueles que conseguiram olhar para dentro de si. 

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