O desânimo e a preguiça

02/11/2016 às 17:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:29

É cada vez maior o número de pessoas que se queixam de sentir preguiça. Incomodam-se com o fato de não conseguirem colocar em prática planos que gostariam. Sentem-se vencidas pelo desânimo. 

No intuito encontrar uma justificativa para tal comportamento, muitas depositam na conta do cansaço físico. Mas será que a preguiça deriva da fadiga ou é uma característica inerente ao ser humano? 

Christopher Hsee, cientista da Universidade de Chicago, afirma que não há nada de errado em sentir preguiça, visto que esta é uma condição natural do homem. Algo que ele vê até como positivo, uma vez que ajuda a poupar energia. Para fundamentar a tese, o estudioso comandou um experimento com 98 estudantes. 

No experimento, os estudantes deveriam preencher um questionário, esperar 15 minutos e preencher outro. Cumprida a tarefa, o material deveria ser entregue a um dos fiscais presentes em sala de aula. Um deles ficava bem próximo aos alunos. Já o outro, a alguns metros de distância dos participantes. Ao concluírem a tarefa, 68% dos voluntários entregaram os papéis ao fiscal mais próximo.

Podemos também verificar a manifestação da preguiça em vários momentos no nosso dia a dia: quando usamos o celular ao invés de telefone fixo pela simples facilidade de tê-lo à mão; quando optamos por comer algo prejudicial à saúde por estar mais perto; quando substituímos uma palavra por outra por preguiça de saber como conjugá-la; quando desistimos dos nossos objetivos – dieta, academia, estudos etc. 

O desânimo e a preguiça são condutas autodestrutivas que, além de atrasar o desenvolvimento dos planos de vida, ainda deixam o indivíduo com baixa autoestima. O sujeito preguiçoso está sempre insatisfeito consigo. Não tem admiração pelo próprio jeito de ser; ao contrário, se envergonha dele. Até hoje não conheci ninguém que tivesse orgulho de ser preguiçoso. 

Mas o que fazer diante dessa condição?

Penso que nos tornarmos competentes para lidar com a nossa limitação seja uma boa forma de lutar contra algo tão grandioso. Essa competência inclui:
– Saber lidar com a frustração: pessoas intolerantes à frustração tendem a desistir dos objetivos no primeiro obstáculo. Desanimam do que almejavam e se rendem à preguiça de tentar novamente. 

– Desenvolvimento da disciplina: desenvolvemos essa habilidade o quanto mais conseguirmos colocá-la em prática. Por exemplo: se eu me propuser a fazer determinada atividade e a cumprir, além de aumentar minha autoestima, ainda consolidarei um padrão de comportamento. 

– Controle das emoções: pessoas mais evoluídas emocionalmente tendem a controlar melhor as emoções. Isso vale para qualquer emoção: raiva, ciúmes, inveja e, claro, a preguiça. Controlar não significa eliminar e muito menos deixar de sentir. Significa apenas que estas emoções, antes de se manifestarem, passam pelo crivo da razão, e só se manifestarão se avalizadas por ela. 

Adotar essas posturas não é fácil, mas é possível. Dependerá basicamente da maturidade emocional e do amor próprio.

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