O gosto amargo da rejeição

23/11/2016 às 20:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:47

A dor causada pela rejeição talvez seja um dos sentimentos mais difíceis de ser superado. Parece que o ser humano resiste a quase tudo na vida, mas continua frágil mediante uma rejeição. 

A sensação de ser rejeitado em nenhum aspecto é bem digerida. Ela é sentida quando somos demitidos, substituídos, desprezados, esquecidos ou não correspondidos afetivamente. 

A autoestima é a primeira a ser abalada, porém, cada pessoa reage de forma bem particular a ela. Uns recuam e evitam a situação causadora da dor, enquanto outros, de forma inversa, passam a desejar ainda mais o objeto de desejo. 

Há também aqueles que, de tanto medo de ser rejeitados, agem inconscientemente de maneira “preventiva”: rejeitam antes de serem rejeitados; traem antes de serem traídos; atacam antes de serem atacados. Uma forma equivocada de se prevenirem contra a dor. 

Mas por que reagimos tão mal frente a uma rejeição? 
É possível que a dor da rejeição tenha mais a ver com a sensação de menos valia do que com a perda do objeto de desejo em si. O fato de sermos preteridos, deflagra não só a ferida do vazio, como nos coloca frente a um espelho de que tanto evitamos olhar: nós mesmos. 

Além disso, a rejeição implica em solidão, em abandono (não só físico, mas de planos, de sentimentos, de expectativas) e nessa hora vemos o nosso mecanismo de defesa ruir. Vem à tona a fragilidade e o rei fica nu. É preciso lidar com o nítido sentimento de fracasso, que fere a vaidade, machuca o ego e derruba a fantasia de sermos únicos. 

Um estudo feito em 2001, o Surgeon General, dos EUA, emitiu um relatório afirmando que a rejeição representa um risco de violência na adolescência maior do que as drogas, a pobreza ou a participação em gangues. Outros estudos mais recentes também têm apontado que mesmo as rejeições leves são capazes de tornar as pessoas mais irritadiças, podendo a chegar a surtos de agressividade. 

Outro fato interessante sobre a rejeição foi explicada por Guy Winch, autor do livro “Emotional First Aid” (Primeiros Socorros Emocionais). Segundo ele, a dor da rejeição ativa as mesmas áreas da dor física deixando o indivíduo tão ou mais sofrido que alguém que está fisicamente machucado. Talvez, doa até mais, visto que para a dor emocional não há remédio. 

Mas, mesmo sendo essa dor uma mera criação do nosso narcisismo, é difícil deixar de senti-la. 

Para tentar atenuar o sofrimento é preciso conviver melhor com nossa vulnerabilidade e sobretudo fortalecer a confiança em si mesmo. Um bom caminho para isso é o autoconhecimento. Através dele é possível trazer à consciência não só a nossa limitação, mas também a nossa essência. 

Isso me lembra uma frase de Carl Jung que diz: “Quem olha para fora sonha, mas quem olha para dentro desperta”.

O despertar nos deixa mais autônomos emocionalmente.

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